Portugal pode entrar em recessão em 2023, avisa Vitor Constâncio

Tiago Petinga / Lusa

Vítor Constâncio, ex-governador do Banco de Portugal (BdP)

Antigo governador do Banco de Portugal e vice-presidente do Banco Central Europeu defende que o aumento das taxas de juro não deve ir além de 1,5%.

O anúncio do Banco Central Europeu de que irá aumentar as taxas de juro em 50 pontos base deixou em alerta muitas economias da Zona Euro, com receios de escaladas semelhantes às de 2011. Foi neste sentido que Vítor Constâncio, antigo governador do Banco de Portugal e antigo vice-presidente do BCE, deixou o alerta: Portugal pode entrar em recessão já em 2023.

Em entrevista à RTP, o economista também alertou para a contenção no que respeita à subida das taxas de juro, a qual, entende, não deverá ir além de 1,5%, sob pena de várias economistas ficarem em em risco.

“Eu penso que as condições para os aumentos das taxas de juro que o BCE possa fazer não deveriam ir muito além de 1,5%. Mas é evidente que há um risco, mesmo sem os aumentos das taxas de juro, de haver uma recessão no próximo ano”, disse Vítor Constâncio, citado pela Rádio Renascença. O economista lembrou ainda que “qualquer variação nas taxas de juro leva tempo a produzir efeito na economia”.

Tal como foi anunciado ontem, o Banco Central Europeu vai aumentar em 0,5 pontos as três taxas de juro diretoras, com o organismo a justificar a subida para estar “em consonância com o seu forte compromisso de cumprimento do seu mandato de estabilidade de preços“.

A medida está revestida de uma grande importância histórica, já que se trata da primeira subida das taxas de juro em 11 e constitui uma tentativa de controlar a inflação na Zona Euro. Como tal, o BCE ressalva que “a futura trajetória das taxas de juro diretoras definida pelo Conselho do BCE continuará a depender dos dados e ajudará a cumprir o objetivo de inflação de 2% a médio prazo”.

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