“Já não se trata apenas de Donetsk e Luhansk”. Rússia quer ficar com o Sul da Ucrânia

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United Nations / Flickr

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, afirmou esta quarta-feira que os objetivos militares da Rússia na Ucrânia vão agora além da região leste do país e passaram a incluir “uma série de outros territórios”.

“A geografia é diferente agora. Já não se trata apenas das repúblicas populares de Donetsk e Luhansk [os territórios separatistas no leste da Ucrânia], mas também das regiões de Kherson e Zaporijia [no sul] e uma série de outros territórios”, afirmou, em entrevista à agência russa de notícias Ria Novosti e ao canal RT.

Segundo Lavrov, à medida que o Ocidente – por “raiva causada pela impotência” ou pelo desejo de agravar a situação – fornece cada vez mais armas de longo alcance, como os mísseis Himar, “o quadro geográfico da operação avança mais e mais”.

“Não podemos permitir que, na parte da Ucrânia que permanece sob o controlo de [Presidente ucraniano, Volodymyr] Zelenskyy (…), haja armas que representam uma ameaça direta aos nossos territórios ou aos territórios das repúblicas que declararam a sua independência”, sublinhou.

Lavrov lembrou que os objetivos estabelecidos pelo Presidente russo, Vladimir Putin, ao ordenar a campanha militar na Ucrânia foram “a desnazificação e a desmilitarização da Ucrânia, no sentido de deixar de haver ameaças à segurança” russa. Um objetivo que se mantém, segundo reiterou o chefe da diplomacia russa.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zajárova, também reagiu esta quarta-feira às advertências do coordenador de comunicações do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos (EUA), John Kirby, que ameaçou a Rússia com sanções adicionais e mais severas caso insistisse na anexação ilegal de território ucraniano.

“A Casa Branca declarou que os” EUA “vão impor novas sanções se novas regiões ucranianas se juntarem à Rússia. O erro da Casa Branca é que os EUA impuseram e continuam a impor novas sanções sem que as regiões ucranianas sejam integradas na Rússia”, afirmou a porta-voz, numa mensagem divulgada no Telegram. Por isso, frisou a representante, “esta nova ameaça só fortaleceu a nossa decisão de agir”.

A Rússia, que iniciou uma invasão a que chamou “operação militar especial” na vizinha Ucrânia, em fevereiro passado, declarou abertamente que irá promover referendos sobre a integração das regiões de Zaporijia e Kherson, parcialmente ocupadas por tropas russas, no país.

Lusa //

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8 Comments

  1. Os objectivos territoriais da Rússia podem ter mudado, em relação a Fevereiro, mas não da maneira que o sr. Lavrov diz agora: o sul da Ucrânia e (provavelmente) a Transnitria moldava sempre estiveram na mira, como é lógico. O que mudou (teve de ser) foi o objectivo de tomar Kyiv/Kiev e assim dominar (“desnazificar”) todo o país. E alguém acredita que as repúblicas de Donetsk e Lugansk vão ficar “independentes”? Claro que vão unir-se à mãe russa.

  2. Depois do falhanço total no terreno, em que não conseguiram depor o regime, tomar Kiev e terminar em duas ou três semanas a guerra, eis que vão elencando novos objetivos. Os russos vão sair da Ucrânia como saíram do Afeganistão. Com uma mão à frente e outra atrás. Nunca as repúblicas entretanto tomadas irão aceitar esta situação. E nunca a Ucrânia o irá permitir. Teremos guerra para muitos anos.

  3. E porque será que não os obrigam a sentar à mesa para conversações?
    Será só a Russia que está interessada na guerra? E os Estados Unidos o que querem? Vender armas.
    Os paises pequenos é que estão a sofrer.

  4. Já se estava à espera disso. Logo no inicio da guerra o Portas referiu isso, visto que a russia quer ter total controlo sobre o mar negro.. Como a russia está a ver que niguem lhe faz frente à altura, vai avançando para todo o lado.

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