A Comissão Europeia anuncia um novo abrandamento da economia este ano e um recorde na inflação, que “continua a surpreender pela negativa”. O cenário é provocado pela guerra e pela crise energética.
A Comissão Europeia vai esta quinta-feira divulgar as previsões económicas de verão, antecipando novo abrandamento da economia este ano e em 2023 e recorde na inflação, devido aos impactos económicos da guerra da Ucrânia e à crise energética.
As previsões macroeconómicas atualizadas por Bruxelas traçam, então, um cenário de abrandamento económico e de alta inflação, não se prevendo porém recessão, numa altura em que se assinalam quase cinco meses da invasão russa da Ucrânia e em que os preços batem máximos, especialmente “puxados” pelo setor energético.
Na segunda-feira, a Comissão Europeia avisou que esta atualização das estimativas macroeconómicas incluirá uma revisão em baixa do crescimento económico da zona euro e da UE este ano e “ainda mais” em 2023, enquanto a inflação será revista em alta.
“Vamos apresentar as nossas previsões económicas […] esta semana e o que vemos é que o crescimento económico se está a revelar resiliente este ano, mas é de esperar uma revisão em baixa este ano e ainda mais no próximo ano porque há muitas incertezas e riscos”, declarou o vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta de “Uma economia que funciona para as pessoas”.
Falando à entrada para uma reunião de ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo), Valdis Dombrovskis indicou que, “infelizmente, a inflação continua a surpreender pela negativa e, por isso, vai ser novamente revista em alta”.
Também falando à imprensa nesse dia, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, indicou que, “de momento, está prevista uma redução e um crescimento limitado”, embora não se preveja “território negativo”, ou seja, recessão.
Nas suas previsões da primavera, publicadas em meados de maio passado, Bruxelas já tinha revisto em forte baixa as previsões de crescimento económico na Europa, estimando subidas de 2,7% do PIB este ano, tanto na UE como na zona euro, quando no inverno projetava aumentos de 4% em ambos os casos.
Na altura, o executivo comunitário projetou também uma “revisão considerável” em alta da taxa de inflação na zona euro este ano, para 6,1%, principalmente impulsionada pelos preços energéticos e alimentares, com pico no segundo trimestre e descida em 2023.
Relativamente a Portugal, nas previsões de primavera, a Comissão Europeia reviu em alta de 0,3 pontos percentuais o crescimento económico português este ano, para 5,8%, apesar dos desafios externos.
Ainda assim, a expectativa do Governo é que haja uma ligeira revisão em alta do Produto Interno Bruto (PIB) português, nomeadamente após o Banco de Portugal ter melhorado, em meados de junho, as projeções de crescimento em 2022 para 6,3%.
Na passada terça-feira, o ministro das Finanças, Fernando Medina, disse confiar que a Comissão Europeia reveja em alta, nas previsões económicas, o crescimento do PIB português em 2022, apesar do cenário de abrandamento ao nível europeu.
// Lusa