Indivíduos ricos sentem mais simpatia pelos pobres do que por quem enriqueceu na vida

Novo estudo feito nos EUA descobriu que 83% dos inquiridos consideraram que os que se “tornaram ricos” como sendo mais empáticos em relação aos pobres do que os “nasceram ricos.

Os cidadãos norte-americanos tendem a ressentir-se dos ricos, particularmente daqueles que nasceram com vidas monetariamente confortáveis. E tal faz sentido, já que a filosofia norte-americana é trabalhar arduamente para o sucesso. De facto, existe um sentimento de idolatração por aqueles que, partindo do pouco, constroem uma grande fortuna. Por outro lado, tal não é possível quando já se nasce numa situação privilegiada.

Como tal, os indivíduos tendem a identificar-se com e como pessoas ricas que começaram na vida com origens mais humildes. Um grupo de psicólogos da Universidade da Califórnia-Irvine e da Universidade da Colúmbia Britânica encontraram recentemente um forte apoio a esta ideia quando inquiriram 289 americanos sobre as suas opiniões sobre aqueles que se tornaram ricos ou que nasceram ricos. A pesquisa foi feita através do Prolific.

De acordo com os resultados, 83% dos inquiridos consideraram que os que se “tornaram ricos” como sendo mais empáticos em relação aos pobres do que os “nasceram ricos”. Simultaneamente, 70% pensavam que os se “tornaram-se ricos” demonstravam maior apoio à redistribuição da riqueza, enquanto 66% pensaram que os “que se tornaram-se ricos” teriam mais probabilidade de acreditar que é difícil melhorar as condições socioeconómicas de cada um.

Como se depreende dos resultados, os inquiridos esperavam geralmente que as pessoas ricas que subiram a escada socioeconómica fossem mais solidárias com a situação dos pobres em comparação com as pessoas ricas que já nasceram nessa condição. Mas como os mesmos psicólogos mostraram subsequentemente, esta intuição estava surpreendentemente errada.

Os investigadores questionaram também 553 participantes que relataram um rendimento familiar superior a $142.500 – o que é mais do dobro do rendimento familiar mediano dos EUA de $67.521 e os coloca entre os 20% mais ricos – perguntando a estes indivíduos sobre a sua situação económica durante o seu crescimento e explorando as suas atitudes em relação aos menos abastados.

“Em comparação com os nascidos ricos (born rich), os que se tornaram ricos (became rich) consideram que melhorar as condições socioeconómicas é uma tarefa menos difícil, o que, por sua vez, pressupõe menos empatia para com os pobres, menos sacrifícios percebidos pelos pobres, mais atribuições internas à pobreza e menos apoio à redistribuição“, relataram os investigadores.

Por outras palavras, os que se “tonaram ricos” tinham mais probabilidades de acreditar que os pobres que permaneciam pobres assim permaneciam por culpa própria. Além disso, eram menos propensos a apoiar programas de assistência social destinados a ajudar os menos abastados. No entanto, os “nascidos ricos” pareciam mais generosos – talvez por se sentirem culpados pela sua boa fortuna e acreditarem que devem pagar por ela.

Embora as diferenças de atitudes entre os dois grupos fossem estatisticamente significativas, eram ainda relativamente pequenas, cerca de meio ponto numa escala de dez pontos. Os investigadores observaram também que o seu estudo não tinha inquirido multimilionários e bilionários. “Reeditar as nossas descobertas entre os super ricos seria um passo importante a seguir, dada a influência sociopolítica que exercem”, escreveram eles.

O estudo beneficiou de ser pré-registado, o que significa que os autores anunciaram as suas hipóteses, plano de investigação e métodos com antecedência. Esta estratégia aumenta a credibilidade de um estudo em muitos aspectos importantes, particularmente ao impedir a utilização de truques estatísticos para obter um resultado positivo.

ZAP //

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