A promessa de incentivar o binge-watching está a ser travada. Com um objectivo financeiro na origem desta decisão.
A Netflix está a atravessar um ano marcado por uma queda inédita.
Após a “suavização” no aumento de número de subscritores, esse número caiu mesmo, pela primeira vez na última década. E prevê perder milhões de assinantes nos próximos tempos.
A empresa começou a reagir. Já tinha anunciado que vão acabar as partilhas gratuitas de perfis entre pessoas que não moram na mesma casa e, quando apresentou o seu relatório, admitiu apresentar um plano mensal que inclui anúncios entre os episódios.
Agora há outros dados aos quais os directores da Netflix estão particularmente atentos: os seus assinantes desistem mais do serviço ainda no primeiro mês de subscrição. Mais do que nas plataformas concorrentes.
Dados disponibilizados pela Antenna à revista Vox demonstram que, nos Estados Unidos da América, 23% das pessoas tomaram essa decisão.
Ou seja, praticamente um em cada subscritor vê o que quer durante alguns dias – ou tudo num dia – e, depois de ver o que queria, cancela o serviço.
Chama-se binge-watching: é o fenómeno de ver, de seguida, muitos episódios de uma série. Ou mesmo a série inteira. É um vício que pode prejudicar a saúde da pessoa.
É esse binge-watching que a Netflix vai travando, aos poucos. Havia a promessa de disponibilizar simultaneamente todos os episódios de uma série – mas agora é preciso fazer contas.
E as contas traduzem-se em Ozark, cuja nova temporada vai aparecendo aos poucos, em episódios “espalhados” por meses; traduzem-se em Stranger Things, com sete episódios publicados em Maio e com os dois últimos a aparecerem na plataforma apenas nesta sexta-feira, dia 1 de Julho.
Contas reais para o consumidor: quem quer ver uma temporada inteira, subscrição de um mês não chega. E dois podem não chegar também.