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A queda da Netflix

Desilusão no número de subscritores e “tombo” considerável na bolsa. Agora a pandemia não ajuda.

A Netflix não vai crescer como queria, ao longo do início de 2022. No primeiro trimeste do ano passado a plataforma registou quatro milhões de novos assinantes. No primeiro trimestre deste ano a direcção queria, no mínimo, o mesmo – mas vai ficar bem longe disso.

Nesta quinta-feira a Netflix anunciou que prevê a adesão de 2.5 milhões novos assinantes até ao final de Março, pouco mais de metade dos números do ano anterior. “A fidelização e o público permanecem fortes, mas o crescimento de novos subscritores não regressou aos níveis pré-pandemia“, comentou a empresa.

Esta previsão de 2.5 milhões novos seguidores é também bem inferior à previsão da Bloomberg (6.3 milhões) e só encontra um registo tão baixo em 2010, quando estavam registadas “apenas” 14 milhões de pessoas. A Netflix entrou em 2022 com quase 222 milhões de subscritores.

As contas do ano passado mostram no entanto que, durante o último trimestre, houve 8.28 milhões de novos assinantes, ligeiramente acima do previso.

Mas o crescimento anual de clientes (8.9%) foi o mais baixo desde 2015.

Por outro lado, as receitas igualaram as previsões: 7,71 mil milhões de dólares durante o ano.

Queda na bolsa

Na bolsa, o lucro por acção chegou aos 1,33 dólares, acima da previsão de 80 cêntimos por acção.

Mas as previsões para o primeiro trimestre deste ano causaram imediatamente uma queda da Netflix em Wall Street: o “tombo” chegou a atingir quase 20%, nesta quinta-feira.

E, acrescenta o jornal Observador, quando a principal bolsa norte-americana abrir nesta sexta-feira, as acções da empresa deverão cair mais de 20%. São os valores mais baixos desde Junho de 2020.

Séries de sucesso como Squid Game e Casa de Papel têm segurado os números da plataforma, que deverá ter mais seguidores quando regressar Bridgerton, no final de Março.

No entanto, está a verificar-se uma espécie de “ressaca” da COVID-19: as pessoas estiveram muito tempo fechadas em casa, muitas delas a ver séries ou filmes, mas agora querem sair o maior número de vezes possível, deixando para segundo plano os ecrãs caseiros.

Além disso, as “dificuldades macroeconómicas em diferentes partes do mundo” fazem cair os números da plataforma, reconhece a Netflix.

E a concorrência é outra. Em 2018, por exemplo, a Netflix comandava as plataformas de streaming; agora Disney, HBO e Apple podem estar a travar o crescimento da empresa.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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