Sinal de rádio misterioso e invulgar descoberto a três mil milhões de anos-luz da Terra

Trata-se do segundo FRB repetitivo descoberto a ser associado a uma fonte de rádio persistente (PRS).

Até agora, todas as explosões rápidas de rádio (FRB, na sigla em ingês) captadas pelos cientistas têm em comum o facto de serem intensas, mas breves — com uma duração da ordem de milissegundos.

Uma equipa internacional de astrónomos descobriu uma segunda explosão de rádio rápido persistentemente ativa, colocando questões sobre a natureza dos fenómenos misteriosos.

Este fenómeno foi originalmente descoberto em 2007 por David Narkevic, aluno de pós-graduação e Duncan Lorimer, o seu supervisor. A fonte destes eventos altamente energéticos é um mistério, mas as pistas sobre a sua natureza estão a ser gradualmente recolhidas.

A nova fonte e pista consiste no Fast Radio Burst 190520, que foi detetado pelo Rádio Telescópio Esférico com abertura de Quinhentos metros (FAST) em Guizhou, China, a 20 de maio de 2019 e encontrada em dados em Novembro desse ano.

Através de observações feitas pelo programa Jansky Very Large Array (VLA), liderado pela Caltech, foram encontradas emissões de rádio mais fracas e constantes associadas ao FRB, permitindo também que o telescópio Subaru no Havai localizasse a fonte dentro das franjas de uma galáxia anã a quase 3 mil milhões de anos-luz da Terra.

Trata-se do segundo FRB repetitivo descoberto a ser associado a uma fonte de rádio persistente (PRS), depois da localização do FRB 121102 em 2012.

“A grande surpresa para mim foi perceber que o novo FRB parece ser um ‘gémeo‘ tão perfeito para uma descoberta anterior”, disse Casey Law, astrónomo da Caltech e um dos autores que liderou o programa VLA ao Space.com.

“Talvez alguns teriam preferido dizer que a primeira associação deste tipo [entre uma FRB e uma fonte de rádio] foi uma coincidência, porque era difícil de explicar. Agora o segundo exemplo mostra que esta é uma parte real e crítica da vida de um FRB”, acrescentou Law.

A descoberta levanta novas questões sobre a natureza dos FRB, tais como se as suas fontes evoluem ao longo do tempo ou se diferentes tipos de fontes são capazes de emitir FRBs.

Outra característica especial do FRB 190520 é a sua medição da dispersão, que indica que as suas emissões passaram pela maior densidade de eletrões de qualquer FRB antes de serem observadas na Terra. Isto sugere que o FRB é ativo num ambiente plasma local, tal como o criado por uma supernova, e é uma fonte recentemente criada.

Ao mesmo tempo que proporciona uma visão do ambiente do FRB 190520B, a grande disparidade nas medições de dispersão com outros FRB põe em causa a sua utilização como “padrões cósmicos” para medir distâncias.

Para acompanhar esta investigação, a co-autora Yu Wenfei com o Observatório Astronómico de Xangai disse à mesma fonte que “os mecanismos responsáveis pela medida de dispersão extra e o ambiente de quase-fonte de tais FRBs repetidas com uma associação PRS são os problemas pendentes a seguir e a resolver“.

“Estou optimista que o puzzle FRB será resolvido através da investigação de FRBs tão extremos”, disse Yu.

Ana Rita Moutinho, ZAP //

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