António Costa quer um aumento de 20% do salário médio no país, mas os ministros mostram-se preocupados com este desafio e temem que as palavras do primeiro-ministro saiam pela culatra.
Este sábado, António Costa exortou a sociedade, as empresas e o próprio Estado a, “nos próximos quatro anos” fazer um esforço conjunto “para que o peso dos salários dos portugueses no PIB seja, pelo menos, idêntico ao que existe na média europeia”. Mais especificamente, o primeiro-ministro falou num “aumento de 20% do salário médio no país”.
Ainda no início de abril, Costa recusou alimentar a “espiral inflacionista”, sustentando que um aumento imediato dos rendimentos como resposta iria ser “comido rapidamente” pela consequente subida de preços, tal como aconteceu nos anos 70 e 80.
Espera-se que o salário médio em Portugal suba este ano em termos nominais, com o Governo a apontar a um aumento de 3,1%. No entanto, a inflação vai ser ainda mais elevada, o que faz com que os portugueses, na realidade, percam poder de compra.
A queda deve rondar os 0,6%, mas no pior dos casos pode chegar aos 2,8%, no pior cenário das projeções para a inflação. Em qualquer um dos casos, será a maior queda desde a troika.
Ao que o Expresso apurou, o desafio proposta por António Costa causou temor entre os seus ministros. Paralelamente, oposição, representantes dos patrões, sindicatos, economistas e vários comentadores dispararam em direção do primeiro-ministro.
“O primeiro-ministro não dá ponto sem nó, mas como vamos chegar lá não sei”, admitiu o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, ao Expresso, na segunda-feira.
“Temos de criar riqueza, de deixar de ser um país subsidiodependente”, sublinhou o governante, admitindo ainda assim preponderar os apoios do Estado para responder à crise causada pelo aumento da inflação.
Precisamente, o aumento galopante da inflação obriga o Governo a aumentar consideravelmente apoios sociais como o subsídio de desemprego, abono de família e Rendimento Social de Inserção. Um gasto de centenas de milhões de euros que dificulta o aumento de salário na Função Pública.
“O primeiro-ministro sabe que aquilo que disse é um objetivo, mas que é um objetivo que pode ser comprometido pela forma que a inflação terá nos próximos meses”, avisou esta terça-feira o deputado socialista Pedro Delgado Alves, no programa “Sem Moderação”, da SIC.
Por sua vez, em entrevista à Renascença e ao Público, a ministra Mariana Vieira da Silva fez depender um novo aumento extra das pensões em 2023 de “mais informação sobre o que é que se perspetiva em matéria de crescimento económico e de juros”.
“Vai dar força a quem está a exigir aumentos. Vão dizer que o Governo pode começar onde depende apenas do Governo”, alertou um outro gabinete ministerial ouvido pelo Expresso, referindo-se às negociações com os sindicatos dos funcionários públicos.
“Temos de deixar de ser um país subsidiodependente”. A ousadia de um ministro a dar razão a uma das lutas de André Ventura e reafirmadas por muitos e muitos portugueses!
Acho que o Costa está de cabeça perdida. Pede aos sector privado que suba 20% os ordenados e ao mesmo tempo que implemente a semana de 4 dias… pois… “…as empresas têm de compreender…”. Não sei isto foi por causa da entrevista do Cavaco, mas a verdade é que estas medidas não se implementam por decreto. Parece-me que não sabe o que é que há de fazer com a maioria absoluta e o pior é que não têm ninguém para o ajudar. Até os próprios ministros acham estranho. Estão todos vocacionados para o combate político, mas fazer é mais díficil. A geringonça era mais confortável, podiam sempre atirar as culpas uns para os outros. Com a maioria fica dificil…
Se os aumentos derem para cobrir a inflação que vem aí, já temos sorte. Mas como é habitual não vão. A inflação sobe 4% e o Zé é aumentado 2%, se for. Aguenta Zé!
Se fosse para os ministros e deputados era logo aprovado sem votos contra ou abstenção!!!
O governo está desgovernado face aos problemas atuais, mas a Europa não está melhor sob a égide da dinamarquesa que confunde a politica com as peixarias. Nada caminha certo e o amanhã será pouco risonho nesta Europa à deriva..
A Comunidade está mais interessada no cidadão alheio que no cidadão europeu e os vinte e sete países caminham para um salve-se quem puder!