Situação no Donbas é “extremamente difícil”. Kissinger avisou que prolongar a guerra na Ucrânia é criar uma guerra contra a própria Rússia.
Há algumas semanas que a Rússia está focada na zona Leste da Ucrânia.
Volodymyr Zelenskyy admitiu na terça-feira que a situação no Donbas, precisamente no Leste, é “extremamente difícil”. O presidente da Ucrânia avisou que a Rússia colocou nessa região “todas as forças restantes” do seu exército.
São declarações que surgem de Kiev e que, ao longo dos últimos dias, estão a tornar-se “cada vez mais alarmantes”, lê-se no portal Meduza.
O lado ucraniano pode não admitir publicamente, mas os seus altos responsáveis já estarão à espera de uma derrota clara, nessa região. Mariupol já é controlada pelos russos, Severodonetsk estará a seguir o mesmo caminho (embora ainda não esteja cercada).
Além de Severodonetsk, também Bakhmut e Popasnaya são cidades que têm concentrado o foco do exército russo. “Ninguém destruiu o Donbass como os militares russos estão a destruir”, queixa-se Zelenskyy.
Aleksey Arestovich, conselheiro do chefe do gabinete presidencial de Kiev, admite que a Rússia está a levar a melhor sobre a Ucrânia no Donbas porque conseguiu acumular reservas mais cedo do que o seu país.
“Ataques contínuos de artilharia e aeronaves, ataques praticamente contínuos de forças terrestres inimigas. Superioridade na artilharia, na aviação. E aí, para dizer o mínimo, saímo-nos mal”, confessou Arestovich.
Ucrânia vai ceder?
Há especialistas que consideram que a Ucrânia deveria ceder territórios à Rússia, para que a guerra termine mais rapidamente.
A voz mais recente – das mais mediáticas – foi a de Henry Kissinger, que falou no Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça.
O antigo secretário de Estado dos Estados Unidos da América (na fase da Guerra Fria) avisou que “prolongar e insistir na guerra durante muito mais tempo levará a que este conflito passe a ser, não uma questão de liberdade da Ucrânia, mas sim uma nova guerra contra a própria Rússia”.
“Espero que os ucranianos mostrem ter o mesmo nível de sensatez que têm de heroísmo”, acrescentou o veterano norte-americano, agora com 98 anos.
Kissinger nunca disse directamente mas estava a sugerir a cedência à Rússia de cidades ucranianas, ou mesmo de regiões inteiras.
O presidente da Ucrânia já reagiu: “Parece o que calendário do senhor Kissinger é de 1938, e não de 2022. E ele pensava que estava a falar em Munique (no contexto pré-II Guerra Mundial) e não em Davos”.
“E por detrás de todas essas especulações geopolíticas daqueles que aconselham a Ucrânia a ceder algo para a Rússia, os “grandes geopolíticos” estão sempre relutantes em ver pessoas comuns. Ucranianos comuns. Milhões que realmente vivem no território. E que propõem trocá-los pela ilusão de paz. Temos sempre de olhar para as pessoas. E lembrem-se de que os valores não são apenas palavras”, acrescentou Volodymyr Zelenskyy.
Tal como acontece desde o dia 24 de Fevereiro, dia do início da invasão russa, a Ucrânia continua a não ceder.
“Vamos continuar a operação militar especializada até que os nossos objectivos sejam alcançados”, avisou Sergei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia.
Assim, a guerra deverá ser longa.
Duas perguntas:
1-Ceder territórios vai terminar esta guerra mais cedo, ou vai começar a próxima mais cedo?
2-Uma vez cedidos os terrirórios, será que as populações que agora sofrem com a guerra não vão passar a sofrer com a paz Russa?
Excelentes questões…
Não sabia que o maior mafioso da política externa americana ainda estava vivo!