Stonehenge tem sido estudado ao longo de séculos. No entanto, ainda estamos a descobrir novos aspetos do famoso local.
Uma “biopsia” arqueológica da paisagem no Stonehenge revelou um conjunto oculto de grandes fossos, que rodeiam a estrutura de pedra.
Foi realizado o primeiro estudo extensivo eletromagnético da região, o que ajudou os arqueólogos a descobrir centenas de grandes fossos, cada um com mais de 2,4 metros de largura, de acordo com a Science Alert.
Alguns deles foram provavelmente feitos com mãos humanas, há milhares de anos, segundo revela o estudo, publicado a 9 de maio no Journal of Archaeological Science.
Não se sabe para que serviam os fossos, mas dada a falta de “funções utilitárias” associadas, os investigadores suspeitam que estavam de alguma forma relacionados com a “estruturação cerimonial a longo prazo” de Stonehenge.
Outras fossas antigas, descobertas perto do parque de estacionamento do antigo centro de visitantes de Stonehenge, são de cerca de 8000 a.C. e estão associadas a adereços para a caça de aurochs (um tipo de gado extinto), e observação lunar.
O próprio Stonehenge foi construído há apenas cerca de 5.000 anos.
“Ao combinar novas técnicas geofísicas com a escavação de coring, e pin point, a equipa revelou algumas das primeiras provas da atividade humana ainda por descobrir na paisagem de Stonehenge”, explica Nick Snashall, arqueólogo que trabalha com o Stonehenge & Avebury World Heritage Site.
“A descoberta do maior poço Mesolítico Primitivo conhecido no noroeste da Europa mostra que este era um lugar especial para as comunidades de caçadores-coletores milhares de anos antes das primeiras pedras serem erguidas“, acrescenta.
Os depósitos pré-históricos são estruturas arqueológicas comuns no Reino Unido e noroeste da Europa, mas não costumam ser mais largos ou profundos do que um metro. Os fossos ovais com mais de 2,4 metros de largura são muito raros, mas à volta de Stonehenge e da vizinha Durrington Walls Henge, parecem estar invulgarmente concentrados.
Na recente análise em Stonehenge, sensores geofísicos e investigação arqueológica detetaram 415 grandes fossos, numa área de 2,5 km2.
Quando os investigadores analisaram nove desses fossos, seis foram considerados como sendo criados por humanos há muito tempo, dois eram ocorrências naturais, e um era um depósito agrícola recente.
A abundância destas estruturas é um tipo de atividade pré-histórica que ainda não tinha sido verificada em Stonehenge, ou no noroeste europeu em geral.
As fossas redondas vão desde o início do Mesolítico, cerca de 8000 a.C., até à Idade Média do Bronze, cerca de 1300 a.C., e concentram-se principalmente em terrenos mais altos a leste e oeste de Stonehenge.
O mais antigo e o maior dos fossos tem mais de 3 metros de largura e 1,85 metros de profundidade.
“O que estamos a ver não é um instantâneo de um momento no tempo. Os vestígios que vemos nos nossos dados abrangem milénios, como indica o período de sete mil anos entre os fossos pré-históricos mais antigos e mais recentes que escavámos”, realça Paul Garwood, historiador da Universidade de Birmingham.
“Desde os primeiros caçadores-coletores holocénicos até aos mais recentes habitantes da Idade do Bronze de quintas e sistemas de campo, a arqueologia que estamos a detetar é o resultado de uma ocupação complexa e em constante mudança da paisagem”, sublinha.
A capacidade da tecnologia de sensores capaz de digitalizar uma paisagem e revelar potenciais sítios arqueológicos está a dar-nos uma visão sem precedentes das paisagens pré-históricas. Stonehenge é apenas o começo…