O primeiro-ministro italiano defendeu o “federalismo pragmático” e pediu mais rapidez na integração da Ucrânia na União Europeia.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, num discurso lido ao Parlamento Europeu esta terça feira, explicou que quer que “abracemos” uma nova União Europeia (UE).
O político italiano quer uma UE mais ágil, alargada a Leste, com os seus tratados fundadores revistos e uma defesa coordenada entre países, segundo o Público.
Mario Draghi, que defendeu um “federalismo pragmático” na construção europeia também se referiu à Ucrânia, dizendo que tem de ser integrada na UE e, para isso, é preciso “avançar o mais depressa possível”.
“Precisamos de integrar plenamente os países com aspirações europeias“, afirmou Draghi, referindo-se não só à Ucrânia, mas também à Albânia e à Macedónia do Norte, cuja integração a Itália apoia, bem como da Sérvia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina e Kosovo.
O primeiro-ministro de Itália reconheceu que o seu discurso era ambicioso, mas defendeu que a quantidade de crises que a Europa enfrenta — humanitária, energética, económica e de segurança — “obriga a acelerar o processo de integração”, bem como uma ação coordenada entre os ministérios da Defesa e Negócios Estrangeiros dos 27.
“As instituições fundadas pelos nossos antecessores serviram bem os cidadãos europeus nas últimas décadas, mas são desadequadas à realidade atual”, disse aos eurodeputados em Estrasburgo.
É necessário adotar um “federalismo pragmático”, com processos de tomada de decisão conjuntos, para os setores da economia, energia, defesa ou política externa.
Se for necessário, pode-se até “iniciar um processo de revisão dos tratados” da UE, para renovar os laços políticos da Europa, acrescenta Draghi.
“Temos de avançar para decisões tomadas por uma maioria qualificada“, para uma “Europa capaz de decidir em tempo útil”, insistiu, sugerindo a extinção do princípio de unanimidade e o fim do poder de veto.
O primeiro-ministro italiano sublinhou ainda que a guerra iniciada por Moscovo contra a Ucrânia pôs à prova a unidade que a Europa garante manter.
Os Estados-membros dividiram-se quanto às sanções ao Kremlin, ao embargo ao petróleo russo ou à compra de gás natural pago em rublos, como exige Vladimir Putin.
Draghi realça também que as opiniões em relação à adesão da Ucrânia à União Europeia também foram divididas.
Dias depois da invasão russa, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, apelou a uma entrada rápida do seu país no bloco europeu.
No entanto, Bruxelas respondeu que o desejo não era fácil de concretizar, porque o processo era rigoroso, complexo e demoraria “anos”.
“Agora é o momento” para agir, reforçou o primeiro-ministro italiano, que também propôs fortalecer a estratégia europeia de resposta à chegada de migrantes, limitar a subida de preços dos combustíveis e dar apoios financeiros às famílias.
Os eurodeputados presentes aplaudiram o discurso de Mario Draghi, a quem já chegaram a chamar “Super Mario“, e sublinharam a importância da transição e autonomia energética para a sobrevivência e progresso da UE.
Draghi acompanhou a crise da dívida pública da zona euro, enquanto estava à frente do Banco Central Europeu, de 2011 a 2019. Nessa altura crítica, países mais atingidos, como a Grécia, estiveram perto de deixar o euro.
“No nosso mandato, o BCE está preparado para fazer o que for preciso para preservar o euro. E acreditem: será suficiente”, garantiu em julho de 2012, num discurso para agentes financeiros de todo o mundo. E a zona euro continua a existir, sem ter perdido nenhum membro.
Agora, “a UE enfrenta outro momento ‘custe o que custar'” afirmou a presidente do Parlamento Europeu, ao apresentar o primeiro-ministro italiano ao plenário.
“Não tenho dúvidas de que podemos confiar de novo na sua experiência, numa altura em que a UE enfrenta outra crise existencial”, conclui.
Teria sido difícil imaginar que, após a anexação da Crimeia, aceite de ânimo leve pelo ocidente, a Ucrânia precisava urgentemente de ser protegida contra a ambição de Putin? Por que razão a UE não agilizou o processo de adesão? Isto aconteceu em 2014!!! Não teria dado tempo?! Talvez agora não estivéssemos a assistir a este horrível massacre.