Deputados russos perdem fortunas, casas e até família devido às sanções do Ocidente

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State Duma / Wikimedia

Duma, a câmara baixo do Parlamento russo.

Duma, a câmara baixo do Parlamento russo.

Vários deputados russos vão perder as fortunas e as propriedades que têm no Ocidente — em alguns casos, até familiares — devido às sanções.

A União Europeia e os Estados Unidos impuseram sanções aos deputados da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, que aprovaram por unanimidade a invasão da Ucrânia.

Os Estados Unidos anunciaram novas sanções congelando ativos de deputados da Duma, elites e de 48 empresas do setor da defesa russa.

“O presidente Biden pretende anunciar as sanções a mais de 300 membros da Duma russa na quinta-feira, durante a sua viagem à Europa, onde se reunirá com aliados da NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte para formular os seus próximos passos”, escreveu o The Wall Street Journal, na semana passada.

Os deputados russos veem os seus bens e contas bancárias congeladas, e a sua entrada nesses países proibida. O site de jornalismo independente russo Insider escreve que isto revela-se um problema para muitos deputados que têm negócios, contas bancárias e até família no Ocidente.

Vladislav Reznik é um deles. O deputado propôs recentemente tornar confidenciais todos os dados sobre os funcionários do Governo sujeitos a sanções ocidentais, incluindo os seus familiares e as suas declarações oficiais de rendimentos e bens.

A proposta tem em conta os seus próprios interesses. Reznik tem vindo a ganhar quase 94 milhões de rublos por ano (cerca de 985 mil euros), tem uma casa de 2.765,9 metros quadrados e alguns carros Mercedes no Ocidente.

O filho mais novo do deputado, Daniel Vladislavovich Reznik, que tem autorização de residência estrangeira e dupla cidadania norte-americana.

Também a sua esposa, Diana Gindin, é portadora de documentos dos EUA, assim como proprietária de um apartamento em Miami, avaliado em 3,4 milhões de euros. Gindin tem ainda empresas registadas em seu nome na Rússia, sendo que uma delas está envolvida num escândalo de corrupção.

A proibição de viajar para os países que impuseram as sanções é algo que não agrada a Reznik. O seu recente historial mostra que o deputado viajava regularmente para Viena, Lyon, Madrid, Barcelona, Zagreb, Copenhaga, Paris, Florença e até mesmo Lisboa.

O seu filho mais velho, Alexander, estudou em Nova Iorque e viveu em Londres. Assim como o pai, viaja para Dubai, Grécia, República Checa, Itália, Alemanha e Países Baixos. No entanto, para já, os familiares dos deputados não são abrangidos pelas sanções do Ocidente.

Leonid Simanovsky é outros dos deputados largamente afetados pelas sanções.

Quando era candidato nas eleições à Duma, em setembro, Simanovsky tinha quase 5 mil milhões de euros nas suas contas. Este montante seria suficiente para pagar o seu salário de deputado durante mil anos. Ainda assim, o magnata recebe um salário 300 vezes superior à média da Duma.

Como acionista da Novatek, Simanovsky pressiona os interesses do maior produtor privado de gás do país no Parlamento russo.

De acordo com o Insider, Svetlana Simanovskaya, filha de 47 anos de Leonid, aparece no banco de dados de indivíduos com dupla cidadania e autorização de residência no estrangeiro. O oligarca enviou a sua filha para morar na Suíça há já vários anos.

Daniel Costa, ZAP //

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