FIFA já deixou muitas equipas fora do torneio, desde 1938. Desta vez a Polónia agradeceu. Rússia pode deixar UEFA.
Os adeptos portugueses de futebol estão concentrados no Estádio do Dragão, palco do Portugal-Macedónia do Norte, uma “final” na qualificação para a fase final do Mundial 2022 de futebol. Mas na Polónia joga-se outra final.
Polónia ou Suécia: uma destas selecções estará no Qatar, no final deste ano. A Suécia derrotou na semana passada a República Checa (1-0, após prolongamento). A Polónia não precisou de jogar – iria defrontar a Rússia mas nem entrou em campo.
A selecção russa foi suspensa pela UEFA e pela FIFA, por causa da guerra na Ucrânia, e por isso não jogou na meia-final deste play-off, apesar de se ter qualificado em campo.
Outras 28 selecções já foram impedidas de estar – ou tentar estar – na fase final do Mundial de futebol, lembra o portal Championat.
O caso mais antigo decorreu em 1938, com a Espanha, país que atravessava uma guerra civil. Mas ficou a dúvida se foi a FIFA a impedir a participação dos espanhóis, ou se foram os espanhóis a não querer jogar.
Na edição seguinte, 1950, e ainda como sequelas da II Guerra Mundial, as selecções de Alemanha e Japão não foram incluídas.
Em 1954, caso insólito: Islândia, Bolívia, Costa Rica, Cuba, Vietname e Índia não se inscreveram a tempo. Aqui a Alemanha Ocidental já pôde jogar…e foi campeã mundial.
Outro caso (provavelmente ainda mais) insólito, em 1958: Coreia do Sul e Etiópia inscreveram-se mas, alegadamente, para a FIFA essas inscrições já chegaram tarde e a entidade não quis alterar os formatos de qualificação.
No famoso Mundial 1966 não estiveram África do Sul (apartheid), Guatemala (não cumpriu o prazo), Congo (falta de inscrição) e Filipinas (falta de pagamento).
Por razões não divulgadas oficialmente, Guiné, Zaire e Albânia não foram autorizadas a disputar a qualificação para o Mundial 1970.
Um “salto” para 1982, quando a República Centro-Africana, devido a um acumular de problemas técnicos e financeiros, nem jogou na fase de qualificação.
Quatro anos depois, 1986, o Irão estava em guerra com o Iraque e foi suspenso pela FIFA.
O Mundial 1990 não contou com o México, castigado por falsificar a idade de quatro futebolistas durante a qualificação para o Mundial de juniores em 1989, que Portugal venceu. E também o Chile foi suspenso: na qualificação sul-americana a selecção chilena abandonou o jogo contra o Brasil, por alegada agressão ao guarda-redes chileno – mas mais tarde ficou provado que foi o próprio guarda-redes a causar a lesão.
A Jugoslávia, por causa da guerra, não esteve no Mundial 1994, tal como a Líbia, acusada de apoiar o terrorismo.
Já no século XXI, em 2002, as suspensões continuaram: Guiana, por motivos financeiros.
No Mundial 2014 o Brunei não jogou a qualificação. O Governo local tinha interferido nas decisões e nos processos da federação nacional de futebol.
Na última edição, 2018, foi a vez de Indonésia (interferência do Governo) e Zimbabwe (problemas financeiros) serem proibidos de participar.
Rússia pode deixar UEFA
Entretanto as selecções e equipas russas, suspensas na Europa, poderão passar a jogar na Confederação Asiática de Futebol.
Desde os primeiros dias da invasão russa à Ucrânia que se constatou que o desporto russo também seria afectado.
Entre diversas suspensões – algumas delas mexem com as contas de portugueses – o futebol não escapou: a UEFA e a FIFA suspenderam todas as selecções e todos os clubes da Rússia das suas competições.
Por isso, a Federação Russa de Futebol está a ponderar mudar de continente, no que diz respeito ao futebol, e passar a ser membro da Confederação Asiática de Futebol.
A Rússia, o maior país do mundo com mais de 17 milhões de quilómetros quadrados, tem parte do seu território no Leste da Europa e outra parte do território no Norte da Ásia.
Se a indicação do portal Championat se confirmar, a principal selecção russa de futebol, por exemplo, passaria a disputar a Taça Asiática em vez do Europeu. E deixaria de ser possível adversária de Portugal em fases de qualificações.
Em relação a clubes como Zenit, Dínamo ou CSKA, deixaríamos de ver estes “grandes” russos na Liga dos Campeões e na Liga Europa – passariam a jogar na Liga dos Campeões da Ásia.
No entanto, a federação russa espera para verificar se estas medidas só serão aplicadas durante a guerra; só tentará mudar-se para o futebol asiático se as suspensões aplicadas pela UEFA forem permanentes.
Israel e Austrália também protagonizaram mudanças de continente, no futebol: Israel jogava na Ásia e passou a jogar na Europa em 1991; Austrália jogava na Oceânia e passou a jogar na Ásia em 2006.