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Descida do preço dos combustíveis chega mais tarde por causa dos impostos

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bitzcelt / Flickr

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A alta carga fiscal sobre os produtos petrolíferos está a impedir que os consumidores beneficiem da queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais, disse à Lusa o responsável pelo departamento de energia da Economist Intelligence Unit.

“A descida dos preços vai chegar aos consumidores, mas o processo não é imediato, há sempre um período de tempo entre a queda no preço do barril e a descida do preço do produto refinado, e na Europa o custo real do petróleo representa apenas uma pequena parte do preço total, por isso haverá uma descida dos preços, sim, mas não tão grande como os valores da descida do preço do petróleo”, disse Peter Kiernan, em entrevista à Lusa a partir de Londres, a sede do departamento de estudos e análise económica da revista The Economist.

Os preços do petróleo chegaram aos 115 dólares por barril de Brent, em junho, mas caíram 25% desde então por causa do aumento da produção, nomeadamente nos Estados Unidos, e por uma queda na procura, principalmente por parte da Europa e da Ásia, em abrandamento económico e num contexto de revisão em baixa do crescimento mundial para o próximo ano.

O pessimismo generalizado no mercado, conhecido como ‘bear market‘, levou a maioria dos analistas a descerem as previsões do preço médio do petróleo para valores na casa dos 80 dólares no final deste ano e para o próximo, o que cria um problema aos países que dependem do petróleo para equilibrar os orçamentos.

“A procura fraca tinha sido absorvida pelo mercado porque alguns países também estavam a produzir menos, mas agora o Sudão, a Síria, o Iémen e a Líbia aumentaram a produção e isso desequilibrou o mercado, fazendo os preços descer”, explicou Peter Kiernan, sublinhando que “a chave é saber por quanto tempo o petróleo vai manter-se baixo”.

Em Angola, o segundo maior produtor de petróleo em África, o Governo está a rever em baixa a previsão do preço do petróleo no próximo ano, descendo de 98 para 81 dólares por barril, de acordo com a proposta de Orçamento do Estado, que prevê também um défice orçamental de 9,4 mil milhões de euros, o que representa 7,6% do PIB estimado para 2015 e uma quase duplicação face aos 4% com que o executivo prevê chegar ao final deste ano.

“O mercado está a tornar-se mais competitivo para Angola, porque o tipo de petróleo que exportavam para os EUA de forma massiva é muito semelhante ao que os próprios EUA estão a produzir, por isso têm de o vender noutro lado, nomeadamente na Ásia, onde os produtores do Médio Oriente já estão implantados, e por isso é natural que estejam a praticar descontos sobre o preço anunciado“, explicou o analista da EIU.

Além de Angola, também a Rússia e a Venezuela e os tradicionais produtores do Médio Oriente enfrentam problemas orçamentais decorrentes da queda do preço, sendo por isso especialmente aguardada a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, marcada para dia 27 de novembro, que vai decidir se desce ou não a produção de 30 milhões de barris por dia para equilibrar os preços à procura.

Para já, a mensagem é de tranquilidade: “Não vemos grandes mudanças nos indicadores fundamentais [neste setor]; a procura continua a subir, a oferta continua a subir, e a OPEP está a rever a situação… A coisa mais importante é não entrar em pânico“, disse o secretário-geral da organização, Abdalla El-Badri, numa conferência esta semana em Londres, citado pelo Financial Times.

/Lusa

2 Comments

  1. E eu que pensava que a fórmula para aumentar o preço, era a mesma que se aplicava para descer. Sou mesmo um ignurante. Ladrões. Basta

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