Leão sai com um último brilharete orçamental (e deixa a fasquia elevada para Medina)

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José Sena Goulão / Lusa

O ministro das Finanças, João Leão

O Governo reviu hoje em baixa a estimativa do défice orçamental deste ano para 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo a informação enviada a Bruxelas. É um valor significativamente abaixo dos 3,2% previstos na proposta do Orçamento do Estado para 2022.

João Leão, o ministro das Finanças cessante, deixa, assim, ao seu sucessor, Fernando Medina, uma grande meta para cumprir.

A previsão do défice orçamental para 2022 de 1,9% foi divulgada, nesta sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), situando-se abaixo dos 3,2% previstos na proposta do Orçamento do Estado para 2022 que foi chumbada, em Outubro do ano passado.

Quanto a 2021, o défice orçamental ficou em 2,8% do PIB, um valor que fica abaixo do que estava previsto pelo Governo. Leão sai, assim, do ministério com um último brilharete orçamental.

Com estes números, e apesar de as regras orçamentais da União Europeia (UE) estarem suspensas por causa da pandemia, Portugal já saiu da situação de défice excessivo.

O Ministério das Finanças já antecipava que o défice em contabilidade nacional, a que conta para as comparações internacionais, deveria fixar abaixo da meta prevista, de 4,3% do PIB.

“De acordo com os resultados provisórios obtidos neste exercício, em 2021 o saldo das Administrações Públicas (AP) atingiu 5.977,1 milhões de euros, o que correspondeu a 2,8% do PIB (-5,8% em 2020)”, refere o boletim do INE.

Neste ano, o défice deve cair para os 1,9% do PIB, com a diferença entre as receitas e as despesas a reduzir-se para os 4,4 mil milhões de euros, de acordo com as contas do Governo.

Leão também eleva a fasquia quanto à redução da dívida em 2022, inscrevendo como objetivo atingir um rácio de dívida pública de 120,8% do PIB no final deste ano.

O ministério antecipa, assim, uma redução do endividamento público num valor de cerca de 6,7% do PIB. A confirmar-se esse cenário, será um dos maiores cortes de sempre.

Centeno aponta o caminho a Medina

Na conferência de imprensa de apresentação do boletim económico de Março do Banco de Portugal, onde se cortou a previsão de crescimento económico deste ano para 4,9%, subindo a da inflação para 4%, o governador Mário Centeno já tinha antecipado que “as contas públicas caminham no sentido do equilíbrio orçamental“.

Centeno tinha também sublinhado o “esforço bastante significativo, se estrutural, para a redução da dívida pública, que deve atingir um valor próximo de 110% do produto interno bruto (PIB) em 2024″.

Assim, o ex-ministro das Finanças aponta a Medina o caminho, salientando que o Governo “tem todas as condições para atingir 100% do PIB em 2026, que é um objectivo também de diferenciação da trajectória de dívida pública em Portugal face a alguns países europeus”.

Centeno mostrou-se ainda convicto de que a subida generalizada dos preços não se irá transmitir aos salários, evitando uma espiral da inflação.

“Não há efeitos de segunda ordem identificados na evolução dos salários ao longo da projecção [entre 2022 e o final de 2024]”, disse Centeno.

O responsável do regulador bancário destacou que no boletim económico prevê-se que “os salários estão alinhados com a produtividade” até ao final de 2024.

De acordo com o boletim económico de março, no cenário central, a instituição liderada por Mário Centeno estima que a inflação aumente em 2022 para 4%, antes de se reduzir para 1,6% em 2023 e 2024.

Mas o governador não espera que os salários acompanhem este aumento.

Para Mário Centeno, a resposta europeia à crise pandémica permitiu que “não se destruísse capital humano nas empresas porque foram capazes de reter os seus trabalhadores”, graças ao “esforço público, colectivo, em programas como o ‘lay-off’ simplificado” e à aposta na “preservação das relações laborais pre-existentes, não destruindo postos de trabalho de forma equivalente à crise económica”.

Assim, “não se iniciou na Europa como nos EUA um ciclo de novas contratações“, concluiu o governador.

ZAP // Lusa

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13 Comments

  1. Agora é que vamos ver o que o Boneco do Medida é capaz, vamos voltar a afundar, quando tem alguém competente no cargo, tem de ir embora porque realmente é bom…

    • Do Leão para o Medina vai uma grande salto… se bem que, o Gaspar nunca acertou em nenhuma meta traçada e mesmo assim foi premiado com um tacho, perdão, lugar no FMI!…

  2. Em suma: saem de cena os tecnocratas que, apesar de tudo, iam impondo alguma disciplina e rigor entra um político derrotado a quem é preciso dar tacho.

  3. Governar desta maneira é fácil, este governo aumenta impostos indirectos em força, leva ao aumento efectivo do custo de vida.
    Depois baixa o IRS e dá vouchers para o povo bater palmas.

    No final, pagamos mais em tudo do que no tempo do Passos (que era um bandido que pagava as dividas) mas enfim …

    Pagamos o combustível a preços ridículos pelos impostos elevados no processo, isso leva ao aumento de todos os bens (porque o combustível está na base de quase tudo o que necessita transporte) depois o gov dá 20 EUR para compensar os 100 que leva em impostos e taxas …. e está tudo bem.
    Se queremos ter uma ideia dos impostos que pagamos a mais no combustível, basta olhar para o gasóleo e a gasolina em Espanha.

    Quando alguém me explicar o porque do povo bater palmas e dar maioria a um governo que tira 100 e devolve 20, eu talvez bata palmas também, mas agora o único que vejo são brilhantismos às custas dos impostos pagos pelos tugas.

    Esperemos que o Medina não seja melhor que o Leão e o Centeno, porque se for, isso significa competência … ou seja cobrar mais impostos indirectos nas empresas e levar ao aumento do custo de vida.

      • Basta olhar para os orçamento de estado para perceber que se os rendimentos por via dos impostos aumenta em quase todos os anos, não pode ser porque o governo baixa impostos.

        Não vou entrar em grandes detalhes, até porque não creio que nunca iria entender, os óculos rosados que usa em vários comentários mostra que não vê além disso.

        Mas de forma geral 1 cêntimo de aumento por litro no imposto sobre combustível significa 1.23 cêntimos (não foi só um) de imposto que entra por via do IVA. Além disso aumenta todos os produtos que dependem de distribuição e aumenta também para o governo o rendimento por via do IVA em preços mais elevados.

        O aumento do salário mínimo obriga ao aumento de preços dos produtos para compensar o gasto extra, 23% de IVA representa mais dinheiro para o estado às custas do aumento do preço, pagamos todos, mesmo os 85 % de trabalhadores que não levaram aumento.

        Os escalões de IRS, SÓ beneficia 1,5 milhões de Portugueses que vão pagar 20 euros menos, mas prejudicam todos os outros 3 milhões de trabalhadores em bem mais de 20 euros

        Podia continuar, mas isto deve dar uma ideia.

        • No seguimento disto
          “este governo aumenta impostos indirectos em força”, volto a perguntar: “Quando e que impostos aumentou??”
          Até agora a resposta foi: ZERO!
          .
          Tens que trocar de óculos porque eu NUNCA votei no Costa e a ultima vez que votei no PS foi no primeiro governo do Sócrates.

      • Impostos indiretos subiram com Governo de Costa e são já 55% da carga fiscal
        https://zap.aeiou.pt/impostos-indiretos-subiram-governo-costa-55-carga-fiscal-291638

        Factcheck: Os impostos indiretos aumentaram 3 mil milhões de euros em relação a 2015?
        https://observador.pt/factchecks/impostos-indiretos-aumentaram-tres-mil-milhoes-de-euros-desde-2015/

        Podia embrulhar-te estas duas notícias antes de tas enviar, mas ia ter que te cobrar 15 cêntimos pelo saquinho.

        • Mais uma vez: quando e que impostos aumentou o governo atual?

          Espero que, pelo meno, saibas distinguir a diferença entre o aumento da receita fiscal do aumento de impostos!…

          O links são interessantes (eu não consigo colocar!), o problema é que não se referem ao governo atual – que tomou posse no final de 2019…

  4. Um encontrão para João Leão que foi um bom ministro da Finanças.
    O Medida não prestou para nada na Câmara. Com tanta convicção e tanta mania e parlapiê foi corrido da Câmara.
    Mas meus caros quem tem amigos tem amigos. Mesmo que que não valha uma m…. é o melhor. Os portugueses é que pagam e não é pouco.

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