CIB argumenta que, apesar da reação menos negativa ao fim das moratória, é preciso esperar mais algum tempo para tirar conclusões definitivas.
Ao contrário do que o Banco Português de Fomento defendeu – “um sinal de a maioria das empresas portuguesas nos setores mais afetados pela crise não sentiu a necessidade de recorrer a este programa”-, a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares entende que a fraca adesão das empresas à linha Retomar “reflete condições de acesso pouco vantajosas“. Numa publicação esta terça-feira, a Ahresp defende que “não pode deixar de ressalvar que o problema está nas condições de acesso ao programa e não na ausência de necessidade por parte das empresas”.
A associação diz que “desde o lançamento do programa” têm sido feitos alertas “para o facto dos processos de reestruturação ao abrigo desta linha não deverem influenciar o historial bancário das empresas beneficiárias, nem prejudicar a análise de eventuais pedidos futuros de financiamento junto da banca“.
“Apesar das graves dificuldades de tesouraria que ainda enfrentam, a grande maioria das empresas do nosso setor não recorreu a este mecanismo por receio de ficarem sinalizadas de forma negativa junto do Banco de Portugal”, descreve a organização. A tomada de posição surge depois de, na última sexta-feira, o Banco Português de Fomento ter informado que nos primeiros três meses da Linha de Apoio à Recuperação Económica – Retomar, as empresas utilizaram apenas 4% do total de mil milhões de euros.
A linha de apoio também já foi criticada por António Saraiva, presidente da Federação Empresarial Portuguesa. “Mais uma vez, assistimos ao anúncio de apoios que tardam a concretizar-se e que, quando chegam , vêm com tantas limitações e exigências que poucas são as empresas que a eles podem ou querem aceder”, disse à Lusa. Para o responsável, “ficou, assim, afetada a credibilidade do Governo anterior na resposta às necessidades das empresas”.
António Saraiva sublinhou que, apesar de as dificuldades causadas pelo fim das moratórias estarem a ser menores do que o expectável, “é preciso esperar mais algum tempo para tirar conclusões definitivas”.
A CIP explicou ainda, citada pelo Público, que já previa que fossem “muito poucas” as empresas a recorrer a esta linha, quer pela fraca intensidade dos apoios (desde logo o limite de 25% das garantias públicas), quer porque veio carregada de uma série de critérios de elegibilidade muito apertados e outras exigências que limitam e dificultam o acesso das empresas”.