IL e Chega querem regresso dos debates quinzenais, mas Rio mostra-se pouco convencido. “Para fazer espetáculo, não contem comigo”

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Mário Cruz / Lusa

O presidente do PSD, Rui Rio

PS prefere realçar os outros espaços destinados ao diálogo e aos consensos que não passam pelo Parlamento.

Antes de a nova legislatura arrancar oficialmente, há etapas a queimar, a começar pelo apuramento dos votos da emigração para determinar a composição exata da próxima Assembleia da República. Ainda assim, ao longo dos últimos dois dias, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa recebeu em Belém os representantes dos partidos com representação parlamentar eleita, foram deixados sinais sobre como estes entendem fiscalizar as ações do Governo maioritário de António Costa. Da parte da Iniciativa Liberal e do Chega, ficou clara a intenção de fazer regressar os debates quinzenais, os quais terminaram em julho de 2020 por proposta do PS e com votos a favor do PSD.

“É verdadeiramente preocupante que o primeiro-ministro só vá ao Parlamento de dois em dois meses, e com maioria absoluta isso não é aceitável“, afirmou João Cotrim de Figueiredo, que prometeu “usar todos os instrumentos políticos e legais” para cumprir o objetivo de fazer regressar os debates. Já André Ventura fez saber que o Chega não deixará que “a Assembleia da República seja menorizada e vamos propor o regresso dos debates quinzenais“, acrescentando ainda que o “o PS dava um bom sinal ao país em aceitá-los num quadro de maioria absoluta”.

Ainda assim, os dois partidos de direita não devem contar com a colaboração do PSD, pelo menos enquanto na liderança do partido estiver Rui Rio. “Concordo que, com a maioria absoluta, o escrutínio ao Governo deve ser ainda mais apurado“, disse Rio à saída da audição com Marcelo. Mas em linha com o que tem sido a sua posição, deixou claro que “para fazer espetáculo”, não vale a pena contar com ele.

Pouca abertura mostrou ainda o PS, pela voz do seu secretário-geral adjunto, José Luís Carneiro, que, segundo o Público, descreveu o tópico como sendo matéria da esfera parlamentar, onde o PS está disponível para “ouvir os contributos construtivos” dos restantes partidos, mas sem aflorar a questão — apontando que os diálogos e os consensos não se devem limitar ao Parlamento. “Há uma vontade clara de construir um clima de diálogo parlamentar, mas também de valorizar a concertação social e construir soluções de futuro com os poderes locais e regionais e com as instituições da sociedade portuguesa.”

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