O mistério adensa-se: afinal, os lagos encontrados em Marte podem ser, na realidade, rochas vulcânicas enterradas debaixo de gelo.
Dados divulgado em julho do ano passado revelaram que o Planeta Vermelho pode ter vários lagos subterrâneos no seu polo sul e, portanto, maiores quantidades de água em estado líquido.
As estimativas dos cientistas indicavam que o lago tem cerca de 19 quilómetros de largura e que se localiza a cerca de 1,6 quilómetros de profundidade sob a superfície seca e gelada do planeta.
A realidade pode ser bem diferente. Um novo estudo mostra que o sinal detetado pelo radar da sonda Mars Express pode simplesmente ter indicado rochas vulcânicas ricas em ferro debaixo do gelo.
“Não entendemos como é que a água líquida pode estar lá, porque não esperávamos ter energia e pressão suficientes para derreter a água lá, mesmo que a água seja salgada”, disse Cyril Grima, da Universidade do Texas.
Para tirar as dúvidas, a equipa de investigadores realizou uma simulação de como seria toda a superfície de Marte se, como o polo sul, estivesse enterrado sob 1,4 km de gelo. Foi então que encontraram reflexos brilhantes como os que a Mars Express avistou, conta a revista New Scientist.
As áreas brilhantes coincidiam com as localizações de planícies vulcânicas, criadas por lava rica em ferro. Isto indica que o sinal pode ter vindo de rochas vulcânicas, não de água líquida.
Ainda na altura da primeira descoberta, em julho, os cientistas salientaram que não tinham a certeza se os sinais eram de água líquida. “Ou a água líquida é comum sob o polo sul de Marte, ou estes sinais são indicativos de algo diferente”, disse, na altura, Jeffrey Plaut, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
A melhor maneira de descobrir com certeza se são rochas vulcânicas ou lagos, seria visitar o polo sul de Marte e fazer medições da superfície, salientam os investigadores norte-americanos. Por enquanto, o mistério mantém-se.