Task force para a educação. Governo desespera por mais professores – e quer atrair diplomados de outras áreas

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Manuel de Almeida / Lusa

 

A falta de professores é mais um dos problemas que o Governo tem em mãos. O Executivo reconhece que haverá falta de docentes em todo o país até 2030. Diretores pedem medidas mais eficazes.

Com a falta de docentes a causar preocupação na área da Educação, o Governo anunciou que na próxima década terão de entrar no sistema de ensino mais 34 500 novos professores.

Este foi um dos objetivos apresentados pelo Ministério da Educação na quarta-feira, porém a estratégia delineada não pode avançar de imediato por causa da dissolução do Parlamento e devido à marcação de eleições antecipadas.

Ainda assim, segundo noticia o Jornal de Notícias, vai ser criada nos próximos dias uma task force, com elementos das direções gerais de estabelecimentos e da administração escolar, para intervir desde já nas escolas com maiores dificuldades em preencher horários através da aplicação de “boas práticas”.

De acordo com Inês Ramires, secretária de Estado da Educação, a intenção é que a carreira passe a ser vista sem problemas de instabilidade ou de precariedade como até agora”. A governante sublinhou que os jovens, têm de olhar para a docência “com novos olhos ” e perceber que serão precisos professores “em todo o país”, referiu citada pelo JN.

Para cumprir estas metas, o Governo tem em cima da mesa um conjunto de medidas, entre elas surge a possibilidade de vinculação diretamente em quadros de escola ou de agrupamento.

Porém, estas promessas não enchem as medidas dos diretores das escolas. Filinto Lima, presidente da associação nacional de diretores (ANDAEP), defende que os apoios à deslocação ou a criação de residências, “já previstos para outras carreiras da Função Pública, são cruciais” para atrair mais professores.

Manuel Pereira, presidente da associação de dirigentes escolares (ANDE), também defende a valorização salarial, avaliação sem quotas e progressões com menos estrangulamentos.

Atrair diplomados de áreas distintas

Outras das medidas que o Governo está a equacionar para dar resposta a algumas falhas é contratar professores que não têm habilitação para ensinar – para a qual é exigido um mestrado em ensino – através das chamadas “necessidades temporárias”, escreve o Público. Este modelo já está a ser praticado em algumas escolas.

O jornal informa que a intenção do Governo é usar este mecanismo para recrutar pessoas com formação superior noutras áreas que não a do ensino, mas que pretendem ingressar na docência. Posteriormente, os candidatos passariam depois por um processo de “profissionalização em serviço”, explicou Inês Ramires.

A governante garante que “nunca estará em causa colocar em perigo a formação científica adequada para as áreas disciplinares dos diferentes grupos de recrutamento, mas, através das necessidades temporárias, teremos a entrada nas escolas de profissionais com esta formação científica adequada”.

O mecanismo de “profissionalização em serviço” está previsto há mais de trinta anos, porém nunca tinha sido totalmente implementado. Este modelo prevê que os professores sem habilitação para a docência façam um estágio, com a duração de um ano.

Os candidatos têm que ter seis anos de tempo de serviço para poderem ingressar formalmente na carreira. O ME quer criar condições para que os estágios previstos aconteçam dentro das escolas, no contexto pedagógico em que estes novos docentes podem depois trabalhar.

Este estágio vai complementar uma formação teórica, também com a duração de um ano, que é feita à distância, numa instituição de ensino superior. Atualmente, apenas a Universidade Aberta tem esta oferta, mas o Governo está também a trabalhar com as restantes instituições públicas para que esta seja aumentada.

ZAP //

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7 Comments

  1. Se tratassem a classe docente como merece (a maioria, há exceções, como em qualquer situação), protegendo-a de ataques vulgares em tudo o que é CS, se não os usassem como “cobaias” ou vítimas de más políticas educativas e de orçamentos de Estado totalmente sem sentido e apoiassem os docentes que têm de fazer centenas ou milhares de kms por semana, quando não têm de mudar de cidade!!! Se os professores sentissem que todo o trabalho que fazem para ensinar (e tantas vezes educar) jovens e crianças, que não querem saber de nada a não ser de redes sociais e afins, é realmente valorizado e respeitado… Para além de não se ver quaisquer perspetivas de progressão na carreira. Não há milagres!

  2. O governo (PS) desespera é por votos, e depois vem fazer estes anúncios populistas que vão cair no esquecimento. A qualidade dos professores é baixa e não é profissão apelativa porque neste paiszeco ninguém quer entender que a base de um país desenvolvido é o sistema de educação. Os países nórdicos já perceberam isso há muito tempo.

  3. Todos os governos sem excepção andaram anos e anos a mal tratarem os professores, a pagarem salários baixos pelo menos em inicio de carreira, a impedirem a progressão na carreira, os contratados ainda mais mal tratados são em relação aos efectivos e agora estão aflitos?
    Os professores há muito que avisaram que isto ia acontecer, mas para variar o português só actua depois da porcaria feita já ir bem adiantada!

  4. É exactamente o que está a acontecer nas empresas no privado com os coitadinhos dos patrões a queixarem-se que não têm mão de obra, tratem melhor os empregados que mão de obra não vos falta!

  5. O problema da educação em Portugal é que atualmente só vai para professor quem não consegue mais nada. E quando assim é, o ensino tem necessariamente de ficar nivelado por baixo. Paguem melhor e terão melhores professores.
    O próprio ministro é o que é. Afinal ele profere barbaridades como: “a melhor classificada”. Isto vindo de um ministro da educação, diz tudo.

  6. É o resultado da “liberdade” que assolou todo o sistema, os professores começaram por perder autoridade, a seguir a qualidade, pois o sistema tem entrado cada vez mais na bandalheira, se não houver bons professores, não poderá haver bons alunos e estes por sua vez não sendo bons não poderão tornar-se bons docentes no futuro. O aluno parece já ter mais autoridade do que o professor e estes no que lhes concerne ainda continuam a ser castigados com uma vida de nómadas, portanto parece profissão pouco atraente!

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