Chegaram mais 210 refugiados afegãos. Governo promete não “perder de vista” os que ainda ficaram

Massimo Percossi / EPA

Mais 210 refugiados afegãos chegaram a Lisboa, esta terça-feira, juntando-se aos 266 que se encontram em Portugal desde o início do processo de retirada do Afeganistão, em meados de agosto.

Segundo o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português, Francisco André, os 210 refugiados, todos de nacionalidade afegã, chegaram a Lisboa cerca das 18h55 desta terça-feira, num grupo que integra um grande número de mulheres e crianças.

No total, relevou o governante à agência Lusa, Portugal já acolheu 476 refugiados afegãos, sobretudo pessoas que colaboraram com as forças militares portuguesas, com as da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ou ainda com as das Nações Unidas no Afeganistão, bem como familiares de alguns que já estão em território português.

O grupo integra ainda aqueles que Francisco André considerou “vulneráveis” face ao regime talibã, que tomou o poder em Cabul em agosto, como ativistas dos direitos humanos, mulheres, mulheres jovens, juízes, juristas, jornalistas e ainda alguns familiares das jogadoras de futebol feminino afegãs que já se encontram em Portugal.

“Com a chegada dos 266 refugiados afegãos fica quase concluído o compromisso que Portugal assumiu no quadro da resposta ao apelo internacional para receber refugiados oriundos do Afeganistão”, referiu o secretário de Estado, admitindo que falta “um número reduzido” de cidadãos afegãos que “não ultrapassará as duas dezenas”.

Francisco André indicou que, à partida, todos estão bem de saúde e que há apenas uma mulher que se encontra na fase final da gravidez, pelo que está já a ser acompanhada pelas autoridades sanitárias.

As operações de retirada foram coordenadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros português, em parceria com a USAID (agência de cooperação dos Estados Unidos) e envolveu também o Serviço Jesuíta aos Refugiados e várias fundações, bem como uma organização não-governamental.

No aeroporto de Lisboa, os refugiados foram recebidos pela Alta-Comissária para as Migrações, Sónia Pereira, e serão enviados, para já, para diversos centros de apoio em Portugal para que, depois, sejam divididos consoante os interesses de cada um, sobretudo no caso de familiares.

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação adiantou que Portugal não tem um número definido de refugiados para acolher, indicando, porém, que, nas próximas semanas, deverá chegar “mais um número significativo” de outros, mas sem adiantar pormenores.

Continuamos a trabalhar nesse sentido, para retirar afegãos do país. Já chegamos quase às cinco centenas e estamos a tentar adequar a nossa capacidade de acolhimento para responder às eventuais necessidades”, acrescentou Francisco André, salientando que todo o processo tem de ser feito com “discrição e segurança”.

“Com isto, não fica concluído, mas fica praticamente concluído o processo de retirada de quase todos os cidadãos afegãos que trabalharam com as nossas forças [no Afeganistão] e as suas famílias. Essa foi uma das prioridades que foi assumida por Portugal em meados do mês de agosto. Mas ainda falta um número muito reduzido de pessoas para chegarem a Portugal. A grande maioria já está em Portugal”, concluiu.

Esta terça-feira, em entrevista ao programa “360” da RTP3, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, também garantiu que o Governo está a fazer tudo para que os afegãos que ainda não conseguiram chegar a Portugal possam em breve ser acolhidos.

O governante explicou que se trata de um “pequeno grupo” que não estava documentado, ou cujos documentos eram “não reconhecidos pelas autoridades locais”. “Não perdemos de vista esse grupo e continuaremos a trabalhar para continuar a apoiá-lo”, assegurou Santos Silva.

ZAP // Lusa

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