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Adeus esferovite, olá cogumelos. No futuro, as casas podem ser isoladas com painéis destes fungos

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Uma startup britânica quer combater o desperdício na indústria da construção civil ao criar painéis de isolamento a partir de cogumelos.

Cada vez que um edifício é construído ou demolido, o lixo e entulho gerados acabam por ir direitinhos aos aterros, já que muitos dos materiais não são recicláveis. Mas há uma startup no Reino Unido que está a tentar mudar este paradigma ao aproveitar materiais do dia-a-dia e tornar assim a indústria da construção civil mais sustentável.

Numa fábrica que ainda vai abrir no início de 2022 perto de Londres, a Biohm vai começar a produzir em massa o seu primeiro produto: painéis de isolamento feitos com micélio – a parte vegetativa dos cogumelos que consiste numa massa de ramificação formada por um conjunto de hifas emaranhadas.

O produto é biodegradável e vem pôr fim aos problemas ambientais causados pelo isolamento em espuma mais usado actualmente, que recorre muitas vezes à esferovite, escreve o Fast Company. Mas além de ser mais amigo do ambiente, este novo material também é mais eficiente do que a concorrência actual.

“Descobrimos que o micélio, ou as redes baseadas em cogumelos, são incrivelmente parecidas com as estruturas que vemos em produtos de isolamento de plástico”, afirma o fundador e director de inovação da Biohm, Ehab Sayed. A equipa concluiu que o material isola melhor os edifícios do que as alternativas actuais com menos condutividade termal e queima-se mais lentamente num incêndio.

Os testes também mostraram que os painéis feitos a partir de cogumelos são tão duradouros como a espuma usada actualmente, mas que, ao contrário desta, pode ser facilmente compostada no fim de vida ou então aproveitada para fazer mais painéis de isolamento.

A empresa cria o micélio como um subproduto da produção agrícola de cogumelos, o que ajuda a tornar o impacto ambiental final negativo, e depois cresce-o até ao tamanho geral de um painel de isolamento e transforma-o num material rígido e resistente. “Acabamos com um painel de isolamento que foi criado de forma completamente natural”, destaca Sayed.

Através do uso de cogumelos, o material não precisa de combustíveis fósseis, que são usados no isolamento de espuma típico. Os painéis actuais usam também um gás com efeitos bastante mais nefastos para o ambiente do que o CO2, apesar da indústria estar a tentar mudar este paradigma devido às regulações mais apertadas. O pó libertado durante a construção e dentro das casas é também prejudicial para a qualidade do ar e afecta os trabalhadores e os residentes.

Para além dos painéis feitos com cogumelos, a empresa está a desenvolver cimento à base de plantas e placas de fibra feitas através de restos de comida e espera abrir novas fábricas no Reino Unido e nos Países Baixos.

A capacidade de produção actual chegará para 30 casas por mês, mas essa pequena escala não deve tornar os preços demasiado altos e os painéis vão manter-se competitivos relativamente ao isolamento usado agora.

A Biohm espera que o aumento da produção e o aproveitamento do desperdício leve a uma redução dos custos e a que os painéis se tornem eventualmente mais acessíveis.

ZAP //

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