O juiz Nelson Barra considera que está “eventualmente provado” que o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes sabia que a descoberta do material roubado de Tancos tinha sido encenada.
No recente despacho do caso Tancos, o juiz Nelson Barra considera que “poderão resultar eventualmente provados” alguns factos durante o julgamento. Entre os quais, Azeredo Lopes foi mesmo informado de que “os factos relativos à recuperação do material não tinham decorrido nos termos descritos no comunicado oficial da PJM”.
De acordo com despacho, citado pelo Expresso, esta informação foi transmitida ao ex-ministro da Defesa por Luís Vieira, ex-diretor da Polícia Judiciária Militar.
Luís Vieira terá dito a Azeredo Lopes que “o material não foi recuperado com base numa chamada anónima, mas antes através da indicação de um informador da PJM”.
O Ministério Público (MP) pediu a absolvição do antigo ministro da Defesa. Embora o MP considere merecedor de censura, este comportamento não constitui crime. O Expresso escreve que há uma probabilidade muito grande de o juiz dar estes factos como provados.
Nelson Barra dá também como “eventualmente provado” que João Paulino, o autor do roubo, teve a garantia da PJM que não seria perseguido criminalmente caso revelasse o paradeiro do armamento.
Esta versão é negada por todos os operacionais e comandantes da PJM e da GNR envolvidos na alegada negociação com o informador da PJM. Nelson Barra parece acreditar na versão de João Paulino.
“Bruno Ataíde e Lima Santos [da GNR] como representantes da vontade dos restantes arguidos, acordaram com João Paulino a efetiva entrega do material militar”, escreve o juiz.
Sá Fernandes, advogado do arguido Vasco Brazão, major da PJM, saúda “as alterações anunciadas”, excetuando o “alegado acordo de impunidade com João Paulino, que não ocorreu”.
“O major Vasco Brazão pedirá para prestar novas declarações e a defesa não prescinde da produção de alegações orais suplementares”, acrescentou.