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Está “eventualmente provado” que Azeredo sabia que descoberta do material foi encenação

Mário Cruz / Lusa

O ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, à chegada ao Tribunal de Monsanto.

O juiz Nelson Barra considera que está “eventualmente provado” que o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes sabia que a descoberta do material roubado de Tancos tinha sido encenada.

No recente despacho do caso Tancos, o juiz Nelson Barra considera que “poderão resultar eventualmente provados” alguns factos durante o julgamento. Entre os quais, Azeredo Lopes foi mesmo informado de que “os factos relativos à recuperação do material não tinham decorrido nos termos descritos no comunicado oficial da PJM”.

De acordo com despacho, citado pelo Expresso, esta informação foi transmitida ao ex-ministro da Defesa por Luís Vieira, ex-diretor da Polícia Judiciária Militar.

Luís Vieira terá dito a Azeredo Lopes que “o material não foi recuperado com base numa chamada anónima, mas antes através da indicação de um informador da PJM”.

O Ministério Público (MP) pediu a absolvição do antigo ministro da Defesa. Embora o MP considere merecedor de censura, este comportamento não constitui crime. O Expresso escreve que há uma probabilidade muito grande de o juiz dar estes factos como provados.

Nelson Barra dá também como “eventualmente provado” que João Paulino, o autor do roubo, teve a garantia da PJM que não seria perseguido criminalmente caso revelasse o paradeiro do armamento.

Esta versão é negada por todos os operacionais e comandantes da PJM e da GNR envolvidos na alegada negociação com o informador da PJM. Nelson Barra parece acreditar na versão de João Paulino.

“Bruno Ataíde e Lima Santos [da GNR] como representantes da vontade dos restantes arguidos, acordaram com João Paulino a efetiva entrega do material militar”, escreve o juiz.

Sá Fernandes, advogado do arguido Vasco Brazão, major da PJM, saúda “as alterações anunciadas”, excetuando o “alegado acordo de impunidade com João Paulino, que não ocorreu”.

“O major Vasco Brazão pedirá para prestar novas declarações e a defesa não prescinde da produção de alegações orais suplementares”, acrescentou.

Daniel Costa, ZAP //

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