Há mais de 230 milhões de anos, grandes erupções vulcânicas na América do Norte provocaram mudanças climáticas globais que abriram caminho para que os dinossauros se tornassem dominantes.
A história de como os dinossauros desapareceram da Terra já é bastante conhecida. Há 66 milhões de anos, um meteorito atingiu o que hoje é a província de Yucatán, no México, fazendo com que uma densa nuvem de partículas na atmosfera bloqueasse o Sol. A Terra mergulhou na escuridão e 75% da vida que existia acabou por ser extinta.
Pelo contrário, o episódio que levou ao aparecimento destes animais não é assim tão conhecido. Mas agora, conta o jornal espanhol ABC, um novo estudo relaciona-o com outra grande catástrofe que teve consequências globais.
A partir da análise de sedimentos e plantas fósseis de um lago no norte da China, os cientistas concluíram que, há mais de 230 milhões de anos, enormes erupções vulcânicas também mudaram o clima e a vida na Terra.
Os investigadores utilizaram técnicas modernas de datação para analisar o fundo do lago na bacia de Jiyuan, tendo sido dessa forma que conseguiram relacionar as mudanças ambientais na região provocadas por um fenómeno climático conhecido como Episódio Pluvial Carniano (CPE).
Este fenómeno caracterizou-se pelo aumento da temperatura e da humidade em todo o planeta, bem como com uma atividade vulcânica em grande escala na América do Norte.
A equipa descobriu quatro episódios separados de atividade vulcânica ao longo de um período de dois milhões de anos, sendo a fonte mais provável as grandes erupções no grande planalto de Wrangellia, na América do Norte.
Estas erupções “libertaram na atmosfera uma grande quantidade de dióxido de carbono, o que causou o aumento da temperatura e humidade globais”, explica Jason Hilton, professor de Paleobotânica e Paleoambientes da Universidade de Birmingham, citado pelo diário.
Os investigadores descobriram que cada fase da erupção vulcânica coincidia com uma grande perturbação do ciclo do carbono global, mudanças climáticas importantes para condições mais húmidas, assim como o aprofundamento do lago com uma diminuição correspondente no oxigénio e na vida animal.
Segundo o mesmo jornal, eventos geológicos dentro do mesmo período na Europa Central, leste da Gronelândia, Marrocos, América do Norte e Argentina, entre outros lugares, também indicam que o aumento da precipitação resultou numa expansão generalizada das bacias de drenagem que convergiram em lagos ou pântanos, em vez de rios ou oceanos.
Muitas espécies desapareceram com este fenómeno, entre elas alguns grandes répteis e invertebrados marinhos, mas a vegetação também mudou e o planeta entrou numa nova era, a dos dinossauros.
Além destes animais, acrescenta Hilton, “este período extraordinário na historia da Terra também foi importante para o aparecimento dos grupos modernos de coníferas e teve um grande impacto na evolução dos ecossistemas terrestres e da vida animal e vegetal”, entre os quais se destacam crocodilos, tartarugas, insetos e os primeiros mamíferos.
O estudo foi publicado, esta segunda-feira, na revista científica PNAS.