BCE desce taxas de juro e previsão de inflação

Gian Ehrenzeller/EPA

Christine Lagarde

Taxas de juro diretoras descem 25 pontos base. Crescimento económico: 1.º trimestre mais forte, perspetivas mais fracas para o resto do ano.

O Banco Central Europeu (BCE) baixou hoje as três taxas de juro diretoras em 25 pontos base, a oitava descida num ano, colocando a taxa de depósitos em 2,00%, o nível mais baixo desde o início de 2023.

Hoje reunido em Frankfurt, na Alemanha, o Conselho do BCE reduziu a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito para 2,00%, enquanto as taxas de juro das operações principais de refinanciamento e da facilidade permanente de cedência de liquidez diminuíram para 2,15% e 2,40%, respetivamente.

Esta taxa de juro da facilidade permanente de depósito (2%) é o número mais baixo desde dezembro de 2022. E, lembra o ECO, é o meio do intervalo 1,75%-2,25% que o banco central definiu como “neutro”, não impulsionando nem restringindo a atividade económica.

Estas alterações terão efeitos a partir de 11 de junho, a próxima terça-feira.

Inflação

O BCE reduziu em três décimas a inflação média prevista para a zona euro em 2025, para 2,0%, em linha com a meta que mantém como referência para a tomada de decisões de política monetária.

Da mesma forma, reduziu em três décimas, para 1,6%, a inflação estimada para 2026, enquanto manteve inalterada nos 2,0% a previsão para 2027.

Num comunicado divulgado após a reunião do Conselho de Governadores que hoje decorreu em Frankfurt, na Alemanha, o BCE refere que as revisões em baixa de 0,3 pontos percentuais em relação a 2025 e 2026, em comparação com as projeções de março, “espelham sobretudo os pressupostos mais baixos para os preços dos produtos energéticos e um euro mais forte”.

Os especialistas do Eurosistema projetam que a inflação excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares seja, em média, de 2,4% em 2025 e 1,9% em 2026 e 2027, praticamente sem alterações face a março.

“A maioria das medidas da inflação subjacente sugere que a inflação estabilizará, numa base sustentada, em torno do objetivo de médio prazo de 2% do Conselho do BCE”, refere o banco central.

Segundo detalha, o crescimento dos salários “ainda é elevado, mas continua a registar uma moderação notória”, estando os lucros “a amortecer parcialmente o impacto do mesmo na inflação”.

“Diminuíram os receios de que a incerteza acrescida e a resposta volátil dos mercados às tensões comerciais em abril conduzissem a um aumento da restritividade das condições de financiamento”, conclui.

Crescimento

O BCE manteve inalterada nos 0,9% a previsão de crescimento económico da zona euro em 2025, mas reviu em baixa de uma décima, para 1,1%, a estimativa para 2026.

Relativamente a 2027, os economistas do banco central mantiveram a previsão de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,3%, em linha com a estimativa feita em março.

A manutenção da projeção quanto ao crescimento em 2025 “reflete um primeiro trimestre mais forte do que o esperado, combinado com perspetivas mais fracas para o resto do ano”, explica o comunicado.

Embora preveja que a incerteza em torno das políticas comerciais “pese sobre o investimento empresarial e as exportações, sobretudo no curto prazo”, o BCE entende que o aumento do investimento público em defesa e infraestruturas “apoiará cada vez mais o crescimento no médio prazo”.

Paralelamente, “rendimentos reais mais elevados e um mercado de trabalho robusto permitirão às famílias gastar mais”, o que, a par de condições de financiamento mais favoráveis, “deverá tornar a economia mais resiliente a choques mundiais”.

O banco central indica ainda que, num contexto de elevada incerteza, os especialistas também avaliaram alguns mecanismos através dos quais diferentes políticas comerciais poderiam afetar o crescimento e a inflação em cenários ilustrativos alternativos.

Nesta análise de cenário, que será publicada posteriormente, se nos próximos meses ocorrer uma maior escalada das tensões comerciais, o crescimento e a inflação ficariam abaixo do previsto no cenário de referência das projeções.

Em contrapartida, se as tensões comerciais fossem resolvidas com um resultado favorável, o crescimento e, em menor medida, a inflação ficariam acima do previsto nesse cenário.

ZAP // Lusa

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