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Esta torre construída na Suécia não é gigante em altura, mas em sustentabilidade

Para além de ser feito de um material sustentável — fornecido por florestas locais com gestão consciente e transformado por uma serração nas proximidades, o Centro Cultural dispõe de múltiplas tecnologias que fazem dele mais eficiente e que ajudam a cumprir com o objetivo dos seus criadores de o tornarem neutro em carbono no prazo de 50 anos.

Uma torre com 75 metros de altura não é, à partida, uma construção que mereça especial destaque se se tiver em consideração que o Empire State Building, em Nova Iorque e cuja construção teve início teve início em 1930, mede cinco vezes mais. No entanto, o Centro Cultural Sara, na Suécia, consegue, ainda assim, impor-se como uma novidade nos setores da arquitetura e da construção. Tudo porque o seu principal material é a madeira, o que faz dele, com as referidas medidas, o segundo maior edifício do mundo assente neste material.

As preocupações com a sustentabilidade são inegáveis, com os responsáveis pela projeção a apontarem a possibilidade de o edifício se tornar neutro em carbono nos próximos 50 anos.

Sendo um centro cultural, o espaço engloba ainda uma galeria, um museu, um teatro, uma biblioteca, um hotel com restaurante, um spa e um centro de conferências. Esta panóplia de utilizações obrigou a que os arquitetos contemplassem um conjunto de soluções de forma a dar resposta a questões como os vãos, a flexibilidade ou a acústica — sem nunca negligenciar o foco na madeira —, explica o ArchDaily.

Simultaneamente, os últimos pisos da torre com vinte andares providenciam uma vista ampla da cidade de Skellefteå, situada no norte do país. Para além de ser o principal material da estrutura, a madeira é ainda evidenciada, como elemento decorativo, no interior do recinto.

Segundo a empresa de arquitetura sueca White Arkitekter, a parte da estrutura correspondente ao hotel e construída em altura é composta por módulos 3D pré-fabricados em madeira laminada em cruz, empilhados entre dois núcleos de elevador inteiramente feitos nesse procedimento. Já o centro cultural, parte baixa do edifício, é construído por colunas e vigas (também de madeira laminada, desta feita coladas).

Desta forma foi possível eliminar toda a necessidade de betão na estrutura que suporta o edifício, o que teve como consequência a aceleração no processo de construção, mas também a redução drástica na pegada de carbono. A questão da sustentabilidade também esteve presente no processo de fornecimento do material, providenciado localmente através de florestas com gestão sustentável e processadas numa serração próxima.

Apesar de ser um material sustentável, a madeira constitui problemas para o funcionamento do edifício, exigindo, por exemplo, a colocação de painéis que protegem a estrutura do sol — que naquela região, durante o verão, poderá ser de 24 horas. Paralelamente, o edifício dispõe ainda de bombas de calor que fornecem aquecimento e arrefecimento de forma energeticamente eficientes, juntamente com 1.200 metros quadrados de painéis solares que reduzem o consumo na rede elétrica e um sistema integrado, baseado em inteligência artificial, que ajusta a utilização de energia em função da ocupação.

O site News Atlas, levanta, ainda assim, questões sobre o plano da White Arkitekter em tornar o edifício neutro em carbono após 50 anos — enquanto a duração do edifício está prevista para um século.

“O edifício é neutro em termos da emissão de carbono durante o processo construção, isto porque a madeira sequestra mais carbono durante a sua vida útil do que aquele que foi emitido. O prazo de 50 anos é o convencional para uma análise do ciclo de vida. Nesses 50 anos, as árvores que foram plantadas aquando da colheita da madeira para o centro cultural terão crescido e absorvido mais do dobro da quantidade de CO2 da atmosfera do que foi emitido para produzir e montar o edifício”, justificou um dos responsáveis da empresa.

Através das decisões tomadas no âmbito desta construção, o atelier White Arkitekter almeija expandir o leque de opções e aplicações da madeira no que respeita à construção, sobretudo de edifícios em altura, ao mesmo tempo que fazem progressos no campo da construção sustentável.

Para além de todas as questões de âmbito ecológico e que visam um compromisso com a sustentabilidade, outra preocupação do município é que o espaço fosse agradável e recetivo a todos os cidadãos, independentemente da sua experiência com a cultura. A localização do edifício, a sua fachada transparente e as muitas entradas são representativas desse mesmo cuidado, uma vez que foram selecionados em detrimento de opções mais austeras.

As autoridades de Skellefteå pretendem enriquecer a comunidade ao mesmo tempo que atraem visitantes, até internacionais, que se desloquem com o intuito de conhecer o edifício que pretendem publicitar como uma referência no design e na construção sustentáveis, mas também como um espaço onde todas as formas de cultura convivem lado a lado.

No que respeita aos rankings dos edifícios de madeira mais altos do mundo, ainda não se sabe ao certo onde se pode situar a torre do Centro Cultural Sara. O primeiro lugar é ocupado, sem espaço para dúvidas, pelo Mjøstårnet, na Noruega, com os seus 85.4 metros de altura, e o segundo pelo HoHo Wien, em Viena, com 84 metros. No entanto, este último é frequentemente enquadrado na categoria dos edifícios híbridos por dispor, na sua estrutura, outros materiais que não a madeira.

Isto colocaria o edifício sueco no segundo lugar mundial — apesar de o Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano (Council on Tall Buildings and Urban Habitat, no nome original, em inglês) ainda não se ter pronunciado sobre a questão e tornado a marca oficial.

ZAP //

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