Presidente de empresa especializada em mudanças internacionais e relocation afirmou este domingo, em entrevista à agência Lusa, que o interesse dos estrangeiros em vir para Portugal está a crescer, o que se reflete no negócio da empresa.
“Estamos a ter muita procura de estrangeiros para viverem em Portugal”, afirmou o gestor português Jorge da Costa, presidente da Global International Relocation, acrescentando que este ano se está a sentir uma inversão da tendência dos anos anteriores, quando cerca de 70% dos clientes correspondiam a saídas de Portugal para o estrangeiro e 30% eram residentes no estrangeiro que vinham viver para o país.
“Nos últimos dois anos, em 2012 e 2013, houve muitas saídas de residentes em Portugal, mas em 2014 sentimos que o movimento de saída abrandou ligeiramente e pelo contrário, sentimos muitas entradas”, disse Jorge da Costa.
A Global International Relocation é especializada em mudanças internacionais e em relocation, ou seja, todo o processo de transferência de um trabalhador acompanhado ou não da respetiva família, ou mesmo a mudança do departamento de uma empresa ou embaixada para um novo país.
Criada em 2008 e com sede em Sintra, a empresa é neste momento considerada pela Ignios como líder no mercado português de mudanças internacionais.
Os números da empresa relativos ao primeiro semestre deste ano indicam que os clientes estrangeiros que se mudaram para Portugal representaram já cerca de 56% do total neste período.
Europa e América do Norte principais origens
Os países europeus são a principal origem dos clientes que se mudam para Portugal (quase 40% do total no primeiro semestre), seguidos dos Estados Unidos, Canadá e América Latina (34,25%) e da Ásia, incluindo o Médio Oriente (18,64%).
No entanto, Jorge da Costa sublinhou que “é a Ásia que continua a subir em grande escala” no que respeita às mudanças para Portugal, uma tendência já confirmada em julho e agosto e que se deverá manter até ao final de 2014.
O gestor deu o exemplo do Dubai, de onde nos últimos dois anos “se sente um movimento de imigração para Portugal de pessoas já reformadas, devido à instabilidade social e política que se tem vivido com as primaveras árabes”.
“Têm vindo porque aqui não há problemas de religião ou culturas, as casas e a cerveja são baratas e isso são bons fatores. Comparado com o Dubai, o setor imobiliário é muito atrativo”, comentou.
Destino: Brasil e Ásia
Quanto às mudanças para fora de Portugal, Jorge da Costa notou “um movimento impressionante para o Brasil nos últimos três anos, porque havia falta de recursos humanos, mas em 2014 estão a surgir novas oportunidades na Ásia”, nomeadamente Singapura, Hong Kong, Tailândia, Vietname, Coreia e Dubai.
Ainda assim, no primeiro semestre de 2014 a Europa manteve-se como o principal destino dos clientes que saem do país (47,12%), seguida pela América (EUA, Canadá e América Latina, com 30,20%) e pela Ásia (11,38%).
São as empresas de novas tecnologias como a Microsoft e a Google que contratam muitos dos clientes portugueses mais jovens, com idades entre os 25 e os 30 anos, enquanto nos expatriados entre os 30 e os 40 anos são os negócios ligados às farmacêuticas, banca e área automóvel.
No que respeita ao tipo de clientela, a empresa de mudanças internacionais e ‘relocation’ trabalha principalmente com clientes empresariais, que representam 77% do negócio principal. Já os funcionários em missão internacional (embaixadas, Unicef, Nato, militares) perfazem 18% e os restantes cinco por cento são clientes particulares.
“Recuso-me a dizer que sou um mudanceiro”, sublinhou também o responsável da empresa. “Nós transportamos realmente os sentimentos das pessoas, porque não é só mudar de um país para outro, engloba muito mais.”
Em causa está, por exemplo, a procura de colégios para os mais novos e a obtenção dos vistos necessários.
Além do negócio principal de mudanças internacionais e relocation, a empresa tem outras áreas, como o armazenamento de bens.
No início de 2013, iniciou-se na gestão de arquivos mortos e semi-mortos (Global File) e já em 2014, passou a operar na área de transporte internacional de animais de estimação (Global Pets) e no transporte de pequenos volumes, mais vocacionado para estudantes (Global Express).
Até ao final deste ano, Jorge da Costa acredita que arrancará também o negócio de transporte internacional de obras de arte, para o qual já tem um ‘bunker’ dedicado.
/Lusa