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Ventura reconhece “dever de solidariedade” com refugiados mas recomenda “atenção”

Rodrigo Antunes / Lusa

O Presidente do Partido Chega, André Ventura (D), ladeado por Nuno Graciano (E) durante a sua apresentação da candidatura à Câmara Municipal de Lisboa.

Durante uma ação de pré-campanha com Nuno Graciano, candidato do Chega à Câmara de Lisboa, André Ventura apelou aos serviços de informação que façam um “escrutínio” e que os “serviços secretos” façam o seu trabalho.

O líder do Chega, André Ventura, defendeu esta sexta-feira que deve haver mais escrutínio ao acolhimento de refugiados, considerando que a anunciada disponibilidade do Governo para receber afegãos deve ser vista “com atenção”. Em declarações aos jornalistas durante uma ação de pré-campanha autárquica, em Lisboa, André Ventura referiu que o acolhimento de refugiados afegãos “é uma questão que deve ser vista com atenção por parte do Governo português”.

Ventura afirmou que quer evitar uma “excessiva islamização das capitais europeias”, o que considerou negativo, e afirmou estar a acontecer “não só em Lisboa, como essencialmente numa grande parte da Europa”, sem contudo indicar dados que fundamentem a alegação. “Não é não sermos solidários, é sermos capazes de ter escrutínio e ter capacidade de filtro em relação a quem vem, e isso não tem acontecido”, afirmou André Ventura.

Acompanhado pelo candidato do partido à Câmara Municipal local, Nuno Graciano, André Ventura pediu aos serviços de informação que façam um “escrutínio” e que os “serviços secretos façam o seu trabalho”, realçando recear que entrem no país “pessoas ligadas a movimentos radicais”.

“No caso do Afeganistão, nós sabemos que há um problema real de pessoas ligadas a movimentos radicais, de pessoas ligadas a movimentos de fundamentalismo islâmico, e que vamos receber, segundo ouvi hoje, centenas“, referiu.

Reconhecendo que Portugal “tem um dever de solidariedade“, porque a “Europa também já precisou da solidariedade de outros continentes, e Portugal também”, André Ventura afirmou que é preciso ser “exigente com alguns países especialmente problemáticos” e recusar uma política de “portas abertas“.

Num cortejo que começou na Rua da Palma, passou pelo praça do Martim Moniz, praça da Figueira e terminou no largo do Intendente — zonas de Lisboa onde residem e trabalham várias comunidades de imigrantes — André Ventura rejeitou a ideia de que a escolha do trajeto tenha sido uma “provocação“, afirmando que a ação organizada pelo partido “não é nenhum ato hostil, é um ato de integração e não de provocação”.

Durante a ação, que foi acompanhada por cerca de 40 militantes do partido, André Ventura e Nuno Graciano distribuíram ‘flyers’ pelos transeuntes, tendo recebido mensagens de apoio e promessas de votos nas próximas eleições, mas também gritos de ‘fascista‘ e ‘racista‘.

Aos jornalistas, Nuno Graciano justificou a ação no Martim Moniz referindo que o Chega está a concorrer às 24 freguesias lisboetas nestas eleições autárquicas, e que irá estar “rigorosamente em todas as freguesias” durante a campanha, “para ouvir” e “escutar todos os cidadãos de Lisboa”.

“Vou dizer às pessoas aquilo que está no nosso programa: queremos uma Lisboa diferente, queremos uma Lisboa sem corrupção. Vou-lhes dizer que precisamos de uma Lisboa com uma higiene urbana diferente, com uma habitação diferente, com uma segurança diferente. Não temos que ter menos imigrantes temos é que ter imigrantes que sejam devidamente integrados e que sejam devidamente escrutinados”, realçou.

O Chega, partido nacionalista inscrito no Tribunal Constitucional em 9 de abril de 2019, advoga, no seu programa político, disponível no seu `site´, restrições à imigração, e privilegia o que designa de “dever de salvaguarda da coesão sociocultural de Portugal e da Europa contra a ascendência do multiculturalismo” face à “salvaguarda de razões humanitárias e de interesses económicos das migrações”.

LUSA //

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