Campeão passa em Braga, Dragões apanham um susto e o Benfica volta a mudar a pensar na Champions. Ainda os números e a frases da semana. E o adeus a Muller, visto da Linha de Fundo.
Mais uma prova de fogo superada
- SC Braga (Abel Ruiz 90+2′) 1 – 2 Sporting CP (Jovane Cabral 40′ e Pedro Gonçalves 50′)
Sem conseguir o brilhantismo que teve na Supertaça, o campeão desta vez fez um jogo mais pensado e musculado, mantendo uma defesa resistente, apresentando-se menos atrevido, mas bastante eficaz.
Solidez defensiva leonina, posse de bola com classe e eficácia. Cinco remates à baliza do SC Braga, três deles com perigo, mas o suficiente para conquistar a vitória.
A equipa de Carlos Carvalhal foi crescendo no jogo, principalmente após a expulsão de Matheus Reis, deixando o Sporting desconfortável na partida.
Mais três pontos para o campeão, conquistados por dois golaços de Jovane e Pedro Gonçalves, a arte de resistência de Palhinha, mais um belo jogo de Matheus Nunes – Rúben Amorim tem razão, o médio joga muito – e pela segurança de Adán. O guarda-rede leonino, mais uma vez, acabou por ser decisivo.
Em Braga, a equipa do Sporting voltou a mostrar união na hora de saber sofrer, mostrando superioridade no jogo até à expulsão de Matheus Reis, aos 80 minutos.
Os minhotos acreditaram, chegaram ao golo por Abel Ruiz (90+2′), pressionaram e encostaram o Sporting às cordas, mas já foi tarde.
Depois de muito tempo confortável, o Sporting passou por momentos de algum sufoco apenas no final.
O que se viu da equipa leonina foi mais uma demonstração de competência, gerindo a partida, desta vez sem tanta exuberância. O Sporting soube mostrar respeito pelo adversário, dominou na primeira parte, revelando sempre ascendente.
Depois dos dois golos a equipa relaxou um pouco, ficou reduzida a 10 jogadores, tornando mais difícil uma tarefa que estava a ser fácil para os leões.
O Sporting foi melhor e mais eficaz. Ponto final e mais três pontos conquistados na luta pela revalidação do título.
Distrações quase fatais
- FC Famalicão (Riccieli 56′) 1 – 2 FC Porto (Toni Martínez 13′ e 43′)
O dragão apanhou um valente susto. “Cometemos erros que permitiram ao adversário acreditar”, referiu Sérgio Conceição, mostrando o desagrado pela abordagem defensiva da equipa.
Com o período dos descontos a meio o Famalicão, que cresceu na segunda parte, conseguiu o empate. Lance invalidado, por fora de jogo de 20 centímetros, já depois dos festejos e da irritação do treinador dos dragões, principalmente com Zaidu, mal no início da jogada.
Serviu de alerta para um FC Porto que foi capaz de tornar o jogo fácil e de feição, mas que depois desapareceu, fiado-se em facilidades. Moleza a mais para o gosto de Conceição. A equipa de Ivo Vieira, ainda muito jovem, teve a capacidade de crescer no jogo, mas voltou a não pontuar.
Na abordagem inicial à partida, a equipa da casa deu a iniciativa aos portistas, tentando fechar espaços.
Aproveitou o FC Porto, foi criando situações, mesmo não mostrando o habitual registo avassalador, mas controlando em absoluto o adversário. Foi positiva a primeira parte, com uma exibição capaz de conseguir uma vantagem confortável de 0-2 ao intervalo.
Depois foi gerir o resultado… até apanhar um susto. Será certamente um jogo que Sérgio Conceição vai guardar alertar o balneário.
Por parte do Famalicão, ficou à vista uma identidade que não é matriz de Ivo Vieira, faltando ainda a boa ideia de jogo da época passada.
Cabeça em outros voos
- SL Benfica (Waldschmidt 38′ e Yeremchuk 43′) 2 – 0 FC Arouca
Mais uma demonstração de segurança e confiança do Benfica, com um jogo sempre dominado, nunca sentido dificuldades, ficando a dever a si próprio um resultado mais avantajado.
Os encarnados venceram tranquilamente o Arouca, revelando total superioridade, gerindo uma partida que permitiu a Jorge Jesus preparar a eliminatória europeia com o PSV.
O sistema mudou de 3x4x3 para 4x4x2. Morato foi titular. Lucas Veríssimo foi poupado. No banco ficaram ainda Grimaldo, Weigl, Rafa e Gonçalo Ramos. João Mário, Pizzi e Yaremchuk saíram antes do apito final.
Foram sete as alterações relativamente ao jogo frente ao Spartak de Moscovo.
Entende-se a prioridade do treinador do Benfica. O jogo com o PSV concentra obrigatoriamente todas as atenções e cuidados. Está em causa a entrada na fase de Grupos da Liga dos Campeões, um objetivo falhado a época passada, sendo de capital importância voltar a marcar presença na prova.
Com as ideias a fervilhar sobre o futuro europeu, nada melhor que uma tarde sossegada. Jogo de campeonato ganho de forma natural, com o Benfica a mostrar mais segurança e revelando confiança, o que muitas vezes faltou a temporada anterior.
Não se podia pedir mais, dando ainda a possibilidade para o regresso de André Almeida, que não jogava há dez meses.
Nota ainda para a excelente estreia a titular de Yaremchuk, com o ucraniano a jogar simples, mas de forma eficaz. Marcou um golo, assistiu para Waldschimdt abrir ao marcador e ainda expulsou o guarda-redes do Arouca.
Esteve em destaque numa vitória sem mácula para os encarnados, que só pecou por escassa, bem podia ter sido uma goleada.
Venha o PSV.
Números da Semana
- 5.ª vitória consecutiva do Sporting sobre o SC Braga, a 2.ª na temporada (ambas por 2-1).
- 3 jogos, 3 vitórias. Desde 2016/201717 que o Sporting não somava este registo, a 5.ª vez nos últimos 20 anos.
- Nas 6 últimas temporadas, esta é a 5.ª vez que o Sporting vence as 2 primeiras jornadas da Liga portuguesa (a única exceção foi em 2019/20).
- Ruben Amorim continua 100% vitorioso nos duelos entre Sporting e SC Braga. 7 jogos, 7 vitórias (2 pelo SC Braga, 5 pelo Sporting).
- Jogo 150 de Paulinho na Liga (44 golos): 34 Gil Vicente, 100 SC Braga e 16 Sporting.
- Jovane Cabral marcou o seu 20.º golo pelo Sporting. O primeiro de cabeça.
- Ugarte estreou-se pelo Sporting. É o 6.º uruguaio a jogar pelos leões, depois de Jose Caraballo, Rodolfo Rodriguez, Carlos Bueno, Seba Ribas e Coates.
- Aos 15 anos, Roger Fernandes torna-se o jogador mais jovem de sempre a jogar na Liga Portuguesa.
- O FC Porto chegou aos 30 jogos sem perder na Liga. Não atingia este registo na competição há 4 anos.
- Pela 5.ª vez nas 6 últimas temporadas, o FC Porto soma 2 vitórias nas 2 primeiras jornadas da Liga – exceção: em 2019/20, quando perdeu na 1.ª jornada, frente ao Gil Vicente.
- Mehdi Taremi chega ao jogo 50 pelo FC Porto.
- 10.º golo de Toni Martinez pelo FC Porto (29 jogos), ele que voltou a marcar à sua ex-equipa: já tinha marcado ao FC Famalicão na época passada, no Estádio do Dragão.
- O SL Benfica venceu os quarto jogos da temporada 2021/22. Há 4 anos que os encarnados não venciam os 4 primeiros jogos da temporada.
- O FC Arouca fez apenas 2 faltas, uma resultou em expulsão, é o jogo da Liga 2021/2022 com menos faltas até ao momento. Nas últimas três épocas não há registo de uma equipa da Liga portuguesa ter feito apenas 2 faltas num jogo!
Frases da Semana
“O Sporting voltou a ter estrelinha, temos muitas limitações. Ganhámos o jogo mas desligámos a partir do segundo golo. Temos muito a melhorar, é mais do mesmo, temos uma equipa muito boa, queremos vencer os jogos todos e agora somos candidatos a vencer o Belenenses.” Rúben Amorim, treinador do Sporting CP.
“Parabéns ao Sporting fez muito para ganhar e nós também. As duas equipas fizeram muito para o conseguir. Foi muito equilibrado na primeira parte, podíamos ter marcado antes, e depois o Sporting foi muito eficaz. Criámos suficiente para sairmos mais felizes do que aconteceu. Estamos a crescer, podem contar connosco.” Carlos Carvalhal, treinador do SC Braga.
“Duas coisas muito importantes: a vitória e o regresso dos nossos adeptos. É outra história. Temos sempre os nossos adeptos, que ajudam muito a equipa. Independentemente de o jogo se ter tornado fácil, não podemos falhar tantos golos. Vamos ter jogos em que não vai ser fácil marcar. Mas também estamos no princípio da época e podemos desculpar este momentos de técnica menos bons.” Jorge Jesus, treinador do SL Benfica.
“Metemo-nos a jeito e não o podemos fazer a este nível. Com o golo do Famalicão, deu alento à equipa deles e criou algumas dúvidas na nossa equipa. Uma equipa como a do FC Porto tem de continuar à procurar do terceiro golo e não a cometer erros. Houve situações da dinâmica em posse que não é normal e fez com que o Famalicão acreditasse. A este nível não se pode cometer estes erros.” Sérgio Conceição, treinador do FC Porto.
“Tem sempre que ver com a semana de treinos. O sol começou a apertar e – o Wilson Manafá confidenciou-me logo quando chegou – quando o jogo é à tarde e o sol bate, ele quebra um bocadinho. Não sei se ele vai ficar amuado comigo, mas não há problema, passa com Rennie.” Sérgio Conceição, treinador do FC Porto.
“Isto é tudo bonito mas neste momento temos zero pontos e no final o que conta é a soma dos mesmos. Acho que na primeira parte não existimos, nos primeiros 15 minutos entregámos o jogo ao FC Porto, limitámo-nos a defender. Depois equilibrámos o jogo, mas foi muito pouco para o que a equipa tem de produzir. Na segunda parte conseguimos melhorar, sem muita qualidade, mas hoje conseguimos dar sinais daquilo que podemos fazer no futuro.” Ivo Vieira, treinador do Famalicão CF.
“Parabéns a quem marca jogos no Algarve às três e meia da tarde, para a próxima marquem para o meio-dia.” Paulo Sérgio, treinador do Portimonense SC.
“Fantástico! Foi um grande dia. Os nossos jogadores trabalharam muito, jogaram muito bem, percorreram muitos quilómetros, estiveram muito bem nos equilíbrios, na luta.” Nuno Espírito Santo, treinador do Tottenham.
“Cristiano Ronaldo devia ter jogado 60 minutos, jogou mais, e, em alguns momentos da partida, soube segurar a bola da maneira certa devido à sua enorme experiência. Está a trabalhar bem, está sereno, muito tranquilo, e para nós, acima de tudo, será sempre uma mais-valia.” Massimiliano Allegri, treinador da Juventus.
“Se for treinador quero ser menos chato do que Jorge Jesus.” Bruno Fernandes, jogador do Manchester United.
“O árbitro apercebeu-se de que errou e de que errou feio. E pediu desculpa aos nossos jogadores. Mas agora não adianta, pois há muita coisa em jogo, dinheiro em jogo, títulos em jogo, o nosso trabalho, dedicação, os nossos adeptos, que torcem pelo nosso melhor desempenho. Há um lance capital, com influência direta no desenrolar do jogo.” Abel Ferreira, treinador do Palmeiras.
“A ‘La Liga’ continua a ser uma grande competição. Os jogadores saem e os clubes continuam a existir e a render. Vai custar ao Real Madrid e ao Barcelona, mas daqui a uns anos acomodam-se. As grandes estrelas vão voltar ao futebol espanhol.” Lionel Messi, jogador do Paris Saint-Germain.
“Temos limites por causa do Fair Play Financeiro. Estamos no mesmo barco como todos. Depois disso, cada clube decide o que quer fazer. Passámos os controlos que existem para todos em todas as temporadas. Se estamos a fazer algo de errado, provem-no. Antes só havia um ou dois clubes. Agora temos o Chelsea do Abramovich e o nosso clube com o Sheikh Mansour. Querem investir no futebol. Qual é o problema? Temos limites como o Fair Play Financiero e se não estão de acordo podem analisar as coisas e apresentar queixa. Contratámos o Jack Grealish porque fizemos 60 milhões de libras (70,5 milhões de euros) em vendas. No final de contas gastámos só 40 milhões de libras (47M€). Seguimos as regras em absoluto. No nosso clube, os donos não querem perder, mas também querem gastar.” Pep Guardiola, treinador do Manchester City.
Momento (triste) da semana: O adeus ao “bombardeiro da nação”
Morreu Gerd Muller, aos 75 anos.
Uma das maiores lendas do clube e do futebol alemão, Gerd Muller marcou 566 golos em 607 jogos oficiais pelo Bayern e é ainda o melhor marcador da história da Bundesliga (com 365 golos). Foi o melhor marcador da liga alemã por sete vezes.
Na seleção alemã, o bombardeiro, como era conhecido, marcou 68 golos em 62 encontros.
Quando começou no futebol, um treinador sugeriu-lhe que seguisse outra opção, porque nos relvados não teria futuro. Não fez caso do conselho, seguiu o seu dinstinto. Um dom muito especial.
“Tenho este instinto para saber quando é que um defesa vai descansar, ou quando é que vai cometer um erro. Há qualquer coisa dentro mim que me diz: ‘Gerd, vai para aqui. Gerd, vai para ali. Não sei o que é”.
Muller nasceu em Nordlingen em 3 de Novembro de 1945, numa Alemanha devastada pela Segunda Guerra Mundial que terminara meses antes. Começou a jogar pelo TSV, o clube da cidade, mas depressa seguiu para o Bayern de Munique, onde se impôs em meados da década de 60, tinha apenas 19 anos.
Muller, que chegou ao Bayern em 1964, ganhou três Taças dos Campeões Europeus, um Taça das Taças, uma Taça Intercontinental, quatro campeonatos e quatro Taças da Alemanha, tendo conquistado o Europeu de 1972 e o Mundial de 1974, no qual marcou o golo decisivo na final frente aos Países Baixos.
Depois de ter começado a carreira no TSV 1861 Nördlingen, Muller passou 14 temporadas e meia no Bayern, terminando a carreira nos Estados Unidos, nos Fort Lauderdale Strikers, onde esteve durante três temporadas.
Terminou a carreira em 1982 e caiu num período mais negro, marcado pelo abuso excessivo de álcool, acabando por ser convencido pelos antigos colegas de equipa a realizar um tratamento de reabilitação. Em 2015, a família anunciou que o ex-futebolista sofria de Alzheimer.
Uma carreira imortal. Gerd Muller foi Campeão do Mundo (1974) e da Europa (1972). Tricampeão europeu pelo Bayern, Bola de Ouro 1970, 6 vezes melhor marcador Bundesliga, melhor marcador de sempre do Bayern (566), melhor marcador de sempre da Bundesliga (365) e 68 golos em 62 jogos pela seleção da Alemanha.