A ex-candidata à Presidência da República informou, esta sexta-feira, que decidiu entregar os donativos que sobraram da campanha à Associação “Continuar para Começar”, para promover o jornalismo de investigação independente.
Numa carta dirigida aos presidentes da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP), José Eduardo Figueiredo Dias, e da Comissão Nacional de Eleições (CNE), José Vitor Soreto de Barros, à qual a agência Lusa teve acesso, Ana Gomes explica que chegou ao fim da campanha com um excedente.
“O saldo financeiro dos donativos recebidos – para os quais estabeleci o limite de 100 euros por pessoa – foi de cerca de 31 mil euros. Verba essa, proveniente de contributos de apoiantes, que acabou por não ser preciso gastar”, pode ler-se.
Cumprindo o objetivo proposto de “máxima economia e contenção de meios”, a também antiga eurodeputada afirma que o “donativo visa apoiar a publicação do jornal online Setenta e Quatro que acaba de ser lançado pela Associação”.
“Acredito que temos de defender a democracia, sobretudo quando a vemos ameaçada. E sei que o jornalismo de investigação é ferramenta indispensável no combate pelos valores fundamentais da democracia e dos direitos humanos. Estou crente de que esta minha escolha corresponde aos objetivos de todas e todos os que contribuíram livremente para financiar a minha campanha”, adianta Ana Gomes.
Com as contas da campanha de candidatura às presidenciais de 2021 fechadas e entregues às entidades competentes, a ex-candidata acrescenta que tem muitas esperanças na “equipa de gente jovem e motivada que integra o novo colectivo que pública o Setenta e Quatro”. “Que se norteie pelos valores da verdade, do rigor e da transparência, que sustentam a democracia. Que investigue, aprofunde e desvende, sem temor, o que deve ser revelado”, sustenta.
A diplomata foi a mulher mais votada de sempre numas eleições Presidenciais em Portugal, com 12,93% dos votos, e a primeira a conseguir um segundo lugar, ao ser a escolha no boletim de voto de 536.236 portugueses, no passado dia 24 de janeiro.
A primeira mulher a candidatar-se a eleições Presidenciais em Portugal foi Maria de Lourdes Pintassilgo, que, em 1986, ficou em quarto lugar com 7,38% dos votos na primeira volta das eleições, o correspondente a 418.961 votos. Nessa eleição, Mário Soares ficou em segundo na primeira volta, mas ganhou na segunda a Diogo Freitas do Amaral.
// Lusa
Não sabia que ainda existia jornalismo independente em Portugal… Milagre de Fátima!