Torturada e exilada pelos nazis, Hannah Szenes é pouco falada no país natal, mas recordada como uma heroína de guerra em Israel.
Nasceu em Budapeste a 17 de Julho de 1921, mas é um nome pouco conhecido no seu país natal Hungria. No entanto, a poetisa e agente secreta do Executivo de Operações Especiais britânico durante a II Guerra Mundial é venerada em Israel, escreve o The Guardian.
Hannah Szenes terminou o ensino secundário em Budapeste e juntou-se a uma organização de estudantes sionistas. Em 1939, abandonou a Hungria devido ao aumento da perseguição aos judeus e refugiou-se na Palestina, que na altura era administrada pela Inglaterra.
Em 1943, a poetisa voluntariou-se para a unidade de comando judaica formada sob a protecção do exército britânico. Hannah era a única mulher na unidade e foi enviada para a Jugoslávia em meados de Maio de 1944, mas o seu objectivo era claro: seguir para a Hungria e fazer a sua parte para proteger os milhares de judeus das mãos dos nazis.
Szenes atravessou a fronteira em Junho, poucos meses depois de a Hungria ser formalmente ocupada pela Alemanha, mas foi apanhada quase imediatamente, tendo sido presa em Budapeste.
Mesmo tendo sido torturada e interrogada horas a fio, Hannah recusou sempre ceder os códigos do transmissor de rádio, mesmo depois de as autoridades terem trazido a sua mãe para a cela. A jovem acabou por ser acusada de traição e morta em Novembro de 1944.
Para assinalar o centenário do seu nascimento, mais de 140 soldados israelitas vão saltar de paraquedas no mesmo local onde Hannah e os outros agentes judeus também saltaram antes da missão para a Jugoslávia no Domingo.
“A história dela é mítica e está embutida na história de Israel e do povo judeu. Ela só viveu 23 anos, mas conseguiu fazer muitas coisas nesse pouco tempo de vida, quase como se soubesse que era esse o seu destino”, afirmou Yacov Hadas-Handelsman, embaixador de Israel na Hungria.
A Biblioteca Nacional de Israel recentemente abriu uma colecção que incluiu diários, poemas e canções escritas por Hannah Szenes. O arquivo inclui também uma carta de despedida que Hannah escreveu à mãe e que foi encontrada no seu vestido depois da sua execução.
Apesar de ser um nome conhecido em Israel, Szenes não é uma figura muito aclamada na Hungria. “O público na Hungria desconhece-a completamente“, conta a directora do Museu e Arquivo Judeus na Hungria, Zsuzsanna Toronyi, citada pelo The Guardian.
Toronyi acredita que a cultura machista na sociedade húngara que esquece as heroínas em detrimento dos heróis contribui para o esquecimento de Hannah Szenes.
No entanto, vai ser organizada uma vigília este Sábado na Hungria em sua memória. As autoridades de Budapeste também estão a planear erguer um pequeno monumento em homenagem à jovem no local onde era a prisão onde foi torturada.