Na véspera das negociações orçamentais, os comunistas voltaram a desafiar o PS em matéria de leis laborais. Socialistas não querem mudanças “isoladas”.
“Não podemos fazer mudanças isoladas e desenquadradas“, esclareceu, em declarações ao Observador, o deputado Fernando José.
A decisão ainda não está fechada no grupo parlamentar, mas os socialistas já têm reparos a fazer em relação aos projetos do PCP. “Estamos sempre disponíveis para encontrar consensos, mas todo este processo tem de ser enquadrado. Não podemos lançar alterações isoladas e desenquadradas”, disse o socialista.
“O Livro Verde do Trabalho acaba de ser lançado e pode dar algumas pistas; o regime do teletrabalho está a ser densificado; e o Código do Trabalho foi alterado há pouco tempo”, justificou ainda. “A estabilidade é importante” e parece ser a palavra de ordem para o PS.
Isto significa que, tal como estão redigidas, as propostas não deverão passar. Resta saber se há abertura para as trabalhar ou se acabarão chumbadas.
Certo é que as discordâncias laborais são já um tema antigo que arrefece as relações à esquerda (e foram, inclusivamente, motivo de rutura entre os antigos parceiros de geringonça.
O PCP admite discussões dossiê a dossiê e não faz depender as negociações orçamentais da aprovação das propostas, mas, nas jornadas parlamentares, Jerónimo de Sousa avisou que este seria um tempo de “luta” e “confronto” com o PS por causa das questões laborais.
No discurso de encerramento das jornadas, João Oliveira, líder parlamentar comunista, frisou o “sentido de urgência de resolver um problema central e que afeta a vida de milhares de trabalhadores” e não deixou de apontar o dedo “ao discurso contraditório que o PS” tem sobre este assunto.
“Quem faz o discurso da defesa dos direitos dos trabalhadores, tem aqui uma boa oportunidade de adequar as palavras aos atos”, atirou.
António Costa chegou a acenar com mudanças laborais na moção que entregou para o congresso do PS, mas aponta para o Livro Verde do Trabalho e não para mexidas de fundo no Código do Trabalho.
Para já, os socialistas não se sentem ameaçados. Pelo menos, a aposta tem sido no desacordo.