A UNESCO publicou estas recomendações a um mês da próxima sessão do seu comité de património mundial, que se vai realizar na China, de 16 a 31 de julho.
Em Veneza, o impacto do turismo de massa foi um dos critérios que levaram a instituição com sede em Paris a solicitar a inclusão da cidade italiana na lista de património em perigo.
O relatório inclui “Veneza e sua lagoa (Itália) na lista do património mundial em perigo” devido ao facto da cidade enfrentar um “perigo verificado e potencial devido a ameaças individuais e aos seus impactos cumulativos”.
Uma dessas “ameaças” são os cruzeiros que continuam a navegar muito perto do centro histórico da cidade, apesar da decisão do governo italiano de os proibir.
De recordar que, em março, o governo central aprovou um decreto que proibiria a entrada de navios de grande porte, incluindo cruzeiros, e exigiu a abertura de licitações para um futuro porto fora da cidade.
No entanto, os navios continuam a atracar na lagoa até que um novo porto seja construído. O porto comercial não está pronto para receber navios de cruzeiro – o que significa que os primeiros navios a chegar a Veneza neste verão vão ficar atracados no centro da cidade.
Num comunicado enviado à CNN, a UNESCO clarificou que “a proposta de inscrever Veneza na lista do património mundial em perigo é baseada em avaliações técnicas e científicas realizadas por especialistas dos órgãos de avaliação. A proposta reflete que há um perigo comprovado”.
Para além do turismo em massa, o relatório também destaca as alterações climáticas como um dos principais problemas.
Outras ameaças pelo mundo
Em Budapeste, estão na mira da UNESCO as margens do Danúbio e o bairro do Castelo de Buda. A causa: demolições “inadequadas” e reconstruções em grande escala, especialmente de prédios altos, que desvirtuariam estes locais históricos.
A Grande Barreira de Corais também pode entrar na lista de património mundial em perigo, devido à deterioração provocada pela mudança climática.
Em relação à zona portuária de Liverpool, a ameaça da UNESCO é ainda mais forte, já que se trata de retirar o local por completo da lista de património mundial.
Segundo a UNESCO, o grande projeto de desenvolvimento das docas da cidade dos Beatles, chamado “Liverpool Waters”, é uma ameaça a edifícios históricos. Apesar das repetidas advertências da UNESCO, o projeto não foi parado.
O governador de Liverpool, Steve Rotheram, lamentou a recomendação da UNESCO.
“Isto é profundamente dececionante. Estamos orgulhosos da nossa história, mas o nosso património é uma parte vital da revitalização” da cidade, disse Rotheram num comunicado publicado nas redes sociais.
“Peço-vos (em referência à UNESCO) que aceitem o nosso convite para virem visitar a cidade, em vez de tomarem a vossa decisão numa mesa do outro lado do planeta”, acrescentou.
Outro local ameaçado com a mesma sanção é a Reserva Natural de Selous, na Tanzânia, devido à caça ilegal em massa.
ZAP // AFP