De acordo com os números da task force para a vacinação contra a covid-19, no dia 23 de maio, cerca de 97% das pessoas com 60 ou mais anos já tinham alguma imunidade, ou seja, 90% já estão vacinadas com pelo menos uma dose e 7% recuperaram de infeção anterior.
Tendo em conta que 96% das mortes atribuídas à covid ocorreram entre a população com mais de 60 anos e que foi, até à vacinação começar a ter impacto, a que mais pesou nos internamentos. Ter esta população imunizada era a condição essencial para se poder começar a lidar e gerir a pandemia de outra forma.
Numa altura em que se intensificam a entrega de vacinas, a task force consegue acelerar o plano, sendo que já está disponível o auto-agendamento a partir dos 50 anos.
Se tudo correr como planeado, na semana de 6 de junho começará a vacinação da faixa etária dos 40 aos 49 anos e na semana de 20 de junho o grupo dos 30 aos 39 anos, acabando depois por decorrer todas em paralelo.
A decisão foi tomada como forma de simplificar e acelerar o processo, recorda o Expresso, e justifica-se ainda porque o risco de ficar doente com covid-19 nestas diferentes faixas etárias é muito semelhante.
Relativamente ao ponto de situação, os dados da task force indicam que metade da população acima dos 30 anos já tomou pelo menos uma dose da vacina. Se se considerar todas as pessoas com mais de 20 anos, essa percentagem é de 43%, com uma sobre-representação dos grupos mais velhos.
A equipa comandada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo sublinha também o facto de no grupo etário das pessoas com 80 ou mais anos, “cerca de 90%” já terem o esquema vacinal completo.
Com o ritmo médio de vacinação diária nas 80 mil doses, superando em alguns dia as 100 mil inoculações, Gouveia e Melo acredita que, a 8 de agosto, 70% da população terão pelo menos uma dose.
Vacinação poupou vidas
Segundo o Público, em cerca de cinco meses, a vacinação terá evitado 730 mortes e cerca de 27 mil novos casos de covid, além do impacto que também teve na redução dos internamentos.
Embora tenha havido ligeiros aumentos de novos casos registados nos últimos dias, isso não teve, até ao momento, tradução em maior pressão nos hospitais.
Há também um impacto estimado em relação aos internamentos. A tradução em número de doentes é mais difícil de conseguir em termos acumulados por ter de ter em conta a média de dias de internamento, que é variável entre os doentes, mas o modelo permitiu estimar que nestes cinco meses terá sido possível reduzir o equivalente a 17.700 dias de internamento em enfermaria e 3100 dias em unidades de cuidados intensivos (UCI).
João Ribeiro, diretor do serviço de medicina intensiva do Hospital de Santa Maria, disse ao Público que uma “redução muito significativa da pressão sobre os hospitais, que tem um claro reflexo na medicina intensiva”, mas salienta que os números baixos sugerem “alguma cautela na forma como se tiram conclusões porque podemos estar a testemunhar alguma coisa que é fruto do acaso”.
Ainda assim, diz o médico, “o perfil de doentes admitidos neste momento sugere que a faixa etária é um pouco mais baixa – temos internados com 30, 40, 50 anos, mas são muito poucos os números -, com história vacinal ausente”.