O jovem, proveniente da Somália, foi encontrado morto dentro de uma tenda no início desta semana. No momento em que as autoridades chegaram ao local, cerca de 12 horas após a morte do rapaz, o corpo estava cercado por ratos.
Os requerentes do asilo, que se situa na ilha de Chios, alertaram a equipa de socorro depois de se depararem com o corpo coberto de animais.
Segundo o The Guardian, as autoridades acreditam que o jovem de 28 anos, que não foi identificado, tenha morrido de causas naturais.
Num comunicado, o ministério da migração grego descartou a hipótese de crime e revelou que o jovem foi encontrado por um médico militar com mordidas na orelha e na mão. “A causa exata da morte será conhecida na autópsia que ainda será realizada”, pode ler-se no relatório.
Embora fosse um refugiado registrado, o homem foi obrigado a permanecer no centro de detenção no topo da colina de Chios, Vial, devido às restrições de covid-19. Desde o ano passado, altura que surgiu a pandemia, que os centros de detenção da ilha foram submetidos a restritas medidas de higiene.
O rapaz, tal como as centenas de milhares de migrantes que o precederam, deixou um país conhecido pela violência e pela pobreza.
Agora, este desfecho trágico é mais um dos muitos que põe em evidência as condições deploráveis dos “centros de acolhimento” insulares na Grécia, observa o jornal britânico.
Para os trabalhadores humanitários em Lesbos, Chios, Samos, Leros e Kos – as cinco ilhas do Mar Egeu na linha da frente dos fluxos de migrantes – o incidente oferece mais uma prova do fracasso das políticas de contenção que os líderes da UE têm seguido.
Atenas recebeu cerca de 3 mil milhões de euros em fundos da UE para gerir a crise migratória entre 2015 e 2020, mas vários ativistas afirmam os gastos não podem ser observadas no terreno, uma vez que as condições continuam a ser desumanas.
“Se o [dinheiro] tivesse sido usado corretamente, não estaríamos a falar, tantos anos depois, sobre uma cena da Idade Média, onde um homem morto é atacado por ratos”, referiu Apostolos Veizis, diretor executivo da organização humanitária internacional Intersos na Grécia, que trabalha nas ilhas há mais de uma década.
“Todos os campos são horríveis. Todos os dias as pessoas adoecem, mental e fisicamente”, alerta o ativista.