/

Zimbabué vai vender licenças para matar elefantes ameaçados de extinção

2

As autoridades do Zimbabué vão vender o direito de matar pelo menos 500 elefantes-da-floresta ameaçados para ajudar a financiar os parques nacionais do país.

De acordo com o Vice, quem quiser matar elefantes-da-floresta no Zimbabué vai poder de pagar entre 10 mil e 70 mil dólares, dependendo do tamanho do animal.

Esta mudança é uma tentativa de cobrir um buraco financeiro causado pela diminuição no turismo devido à pandemia de covid-19. A agência governamental responsável pela gestão dos parques nacionais do Zimbabué afirmou que parte do dinheiro arrecadado vai ser usado para impedir as pessoas de disparar contra outros animais.

“Acho que somos a única agência de gestão da vida selvagem no mundo que não recebe dinheiro do governo”, disse Tinashe Farawo, porta-voz da Autoridade de Gestão de Parques e Vida Selvagem do Zimbabué (Zimparks). “Temos de comprar combustível e espingardas para os nossos patrulheiros anti-caça furtiva. Precisamos de dinheiro para financiar os custos envolvidos no cuidado desses animais”.

“Os nossos parques nacionais estão super-povoados”, acrescentou Farawo. “A quota de 500 elefantes não está a audar em nada. Isso é cerca de 0,5% de toda a população”.

O Parque Nacional de Hwange abriga 45 mil elefantes, o dobro da capacidade recomendada, de acordo com o Fundo Mundial para a Natureza, uma organização não governamental que administra a vida selvagem e áreas protegidas.

Isso, segundo Farawo, levou a um aumento no número de elefantes a vaguear fora dos parques nacionais. “A situação provavelmente será terrível. As fontes de água ficarão secas nos parques nacionais. Esses animais provavelmente irão para as comunidades. Até abril deste ano, registarmos 21 casos de pessoas mortas por animais e, no ano passado, registarmos 60 casos”.

Grupos de preservação da vida selvagem, contudo, não acreditam que permitir que os caçadores de troféus tenham rédea solta nos parques ajudará a resolver o problema.

É lamentável que Zimparks ainda tenha opiniões de que a vida selvagem pode ser melhor conservada através da caça de uma quantidade considerável de animais por dinheiro”, disse Lenin Chisaira, diretor da Advocates4Earth, uma organização sem fins lucrativos de direito ambiental, clima e justiça à vida selvagem. “Vender direitos de caça desportiva por turistas estrangeiros ricos não é sustentável nem benéfico para a vida selvagem ou para as comunidades locais”.

O Zimbabué fechou o seu setor de turismo em março de 2020, quando o governo do presidente Emmerson Mnangagwa impôs um confinamento nacional de seis meses para desacelerar a disseminação da covid-19.

O turismo contribuiu com 7,2% em 2018 e 6,5% em 2019 do produto interno bruto (PIB) do país, de acordo com a Autoridade de Turismo do Zimbabué (ZTA). A ZTA estima que o setor de turismo do Zimbabué perdeu pelo menos mil milhões de dólares em potencial receita no ano passado.

Numa cimeira no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em junho de 2019, o presidente Mnangagwa pediu um aumento global na venda de marfim para que o Zimbabué pudesse vender o seu stock de presas no valor de 600 milhões para financiar a conservação dos animais nas próximas duas décadas.

Maria Campos, ZAP //

 

2 Comments

  1. Titulo de Artigo delator….. e com razão. Mas que comentar, quando se sabe dos Negócios que levam ao extermínio das espécies, nesses Países corruptos e Ditatoriais ????

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.