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Contar com Ernano, o militar que atingiu mortalmente rapaz, é um “orgulho”. Ventura deixa recado a Rio

Pedro Reis Martins / Lusa

André Ventura

Esta sexta-feira, na apresentação formal de vários candidatos às eleições autárquicas, o líder do Chega disse que acabou por concluir que Hugo Ernano é “uma escolha acertada e legítima”.

André Ventura confessou que pensou “muito antes de escolher” Hugo Ernano como cabeça-de-lista à Assembleia Municipal de Odivelas, o militar da GNR que, em 2008, atingiu mortalmente a tiro um rapaz de 13 anos durante uma perseguição policial na sequência de um assalto.

Esta sexta-feira, na apresentação formal de candidatos às autárquicas na sede do partido, o líder do Chega disse que acabou por concluir que Ernano é “uma escolha acertada e legítima”, avança o Expresso.

Antes da apresentação dos candidatos, Ventura reagiu no Twitter à notícia do Expresso: “É um orgulho ter o militar Hugo Ernano nas nossas hostes! O Hugo foi condenado por matar acidentalmente um rapaz cigano que estava a participar com o pai num assalto. O erro aqui não é do polícia, é do bandido!“, escreveu.

Já na sede do partido, acrescentou: “Face ao processo que conheço razoavelmente, é um excelente candidato que representa os valores do Chega”.

O militar veio a ser condenado a pena de prisão efetiva de nove anos por homicídio simples, com dolo eventual, mas o Tribunal da Relação de Lisboa viria a reduzi-la, já em 2014, para quatro anos de pena suspensa (homicídio simples por negligência grosseira) e indemnização de 45 mil euros à família em vez dos 80 mil sentenciados em primeira instância.

Seguiram-se mais recursos de ambas as partes, para Supremo Tribunal de Justiça e Tribunal Constitucional, e o valor final da indemnização cifrou-se em 44 mil euros para a mãe da criança e 11 mil euros para o pai.

Em 2016 e na sequência de um processo interno, o militar da GNR foi suspenso de funções durante oito meses, tendo recebido naquele período um terço do salário.

Esta não é a primeira vez que o militar surge nas listas do Chega. Hugo Ernano foi o cabeça-de-lista do Chega pelo Porto nas legislativas de 2019.

Ou tudo, ou nada. A farpa para Rui Rio

Na terça-feira, Rui Rio disse que é “desejável” que as regiões autónomas excluam o Chega de coligações. “Não temos tutela nas regiões autónomas. Aquilo que é desejável é que nas regiões autónomas façam o mesmo que fazemos no continente e fazer o mesmo é não fazer coligações com o Chega”, disse o presidente do PSD.

O governo regional de José Manuel Bolieiro é formado por uma coligação entre o PSD, o CDS e o PPM e sustentado por acordos de apoio parlamentar com dois deputados do Chega e um da Iniciativa Liberal. No total, os cinco partidos garantem os 29 deputados necessários para a maioria absoluta.

André Ventura não gostou das declarações do líder social-democrata. “Sem me querer meter na decisão que será tomada pelos dirigentes do Chega Açores e que terá de ser ratificada por mim e pela direção nacional, não vejo que seja positivo para o arquipélago e para a região, no meio de uma instabilidade como a que se vive neste momento nos Açores, lançar todo o outro grupo contra o Chega, sendo que o Chega é um elemento fundamental do acordo parlamentar”, disse, citado pelo Expresso.

Ao PSD, deixou um aviso: “O PSD saberá o que está a fazer. Não venham é depois dizer que nós não avisámos. Ou é para tudo ou não é para nada. Não estamos cá só para os bons momentos.”

“Não contem é connosco para ser parvos e estar lá sempre quando o PSD quer e estar de fora quando o PSD não quer”, acrescentou Ventura.

Esta sexta-feira,o líder do Chega apresentou formalmente os candidatos aos concelhos da Amadora, Cascais, Loures, Lourinhã, Odivelas, Oeiras, Sintra e Torres Vedras, reafirmando o objetivo de ter o partido “espalhado pelo país inteiro como terceira força política“.

José Dias, presidente do Sindicato do Pessoal Técnico da PSP, é o candidato para a Amadora; o empresário João Rodrigues dos Santos para Cascais; o deputado municipal Bruno Nunes para Loures; Renato Henriques, ex-CDS e ex-PS, para a Lourinhã; Nuno Beirão, líder do núcleo local do Chega, para Odivelas; Rui Teixeira, atual presidente da União das Freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz-Quebrada/Dafundo, para Oeiras; e Nuno Afonso, vice-presidente e coordenador autárquico do Chega, para Sintra.

Pedro Borges Lemos, ex-dirigente do CDS, foi anunciado como o cabeça-de-lista do Chega para Torres Vedras.

Liliana Malainho, ZAP //

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