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Cruz Vermelha estará a contratar enfermeiros por WhatsApp sem confirmar identidade nem validade da cédula

A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) estará a contratar enfermeiros através da rede social WhatsApp para reforçar as equipas de enfermagem do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para o processo de vacinação contra a covid-19 no município da Amadora.

De acordo com o jornal Público, os profissionais só terão de enviar por mensagem no WhatsApp o nome e um número de cédula – que, se não for acompanhado do respetivo documento, pode não corresponder a uma cédula válida.

Contudo, segundo o matutino, os que se propõem a entrar nas equipas de enfermagem para o centro de vacinação instalado num pavilhão municipal da Amadora, são admitidos sem reservas e é-lhes enviada a data e o local do turno.

Não há qualquer confirmação de identidade ou da idoneidade profissional de quem se apresenta para vacinar, há um chefe de turno que faz uma chamada pelos nomes fornecidos no grupo WhatsApp, mas que não confere a identidade com um documento oficial nem solicita a cédula profissional, documento obrigatório para prestação de cuidados de enfermagem”, lê-se numa denúncia feita através do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) pela enfermeira Joana Lacerda.

Não há qualquer contrato de prestação de serviços assinado, motivo pelo qual abusivamente reduzem os valores que pagam por hora informando por mensagem de WhatsApp”, continua. Além disso, “não há solicitação de seguro de acidentes de trabalho e de responsabilidade civil profissional (igualmente obrigatório para a prestação de serviços)”.

A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) não nega que a documentação não é solicitada no momento da contratação e justifica esse facto com o facto de os enfermeiros já serem do conhecimento da instituição.

“A Cruz Vermelha Portuguesa dispõe de bolsas para profissionais, no âmbito da saúde e outras áreas que se justifiquem com as respostas de cada estrutura local”, respondeu fonte oficial da instituição. “Esta estrutura cumpriu as obrigações inerentes ao abrigo da referida bolsa de profissionais de saúde, disponíveis para serem mobilizados a qualquer momento”.

Contudo, uma enfermeira sob anonimato disse que nunca se inscreveu na CVP. “Eles não me conhecem e não têm os meus dados”, assegurou.

Questionada sobre isto, a mesma fonte da CVP apresentou uma outra justificação para só ser solicitado o número da cédula. “Recebemos os números de cédula e a sua validade é sempre verificada junto da Ordem dos Enfermeiros”, garantiu.

Por seu lado, a Ordem dos Enfermeiro desmente isto. “Esse pedido nunca foi feito pela Cruz Vermelha à Ordem dos Enfermeiros. Nunca fomos contactados”, disse o vice-bastonário Luís Filipe Barreira.

ZAP //

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