“Eu até fazia coligação com o PS.” Suzana Garcia não fecha a porta a um acordo com o Chega

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Suzana Garcia

Suzana Garcia, candidata do PSD à Câmara da Amadora, não fecha a porta a um acordo com o Chega. “Eu até fazia coligação com o PS”, disse.

Em entrevista ao Expresso, um dia depois de ter sido anunciada como candidata do PSD à Câmara da Amadora, Suzana Garcia revelou que recebeu convites de “todos os partidos da direita” para projetos políticos e que não rejeitaria coligar-se com ninguém, desde que lhe fosse permitido protagonizar um projeto de rutura.

A candidata social-democrata não coloca, assim, entraves a um diálogo com o Chega.

“Eu faço isso com qualquer partido que me permita dar ao povo da Amadora o que ele merece. Não está no meu horizonte neste momento, mas se fosse importante para a Amadora eu até fazia coligação com o PS”, justificou.

Questionada pelo semanário sobre se Rui Rio, líder social-democrata, deveria repetir no Governo o que o PSD fez nos Açores, Suzana Garcia diz que não é um tema que a preocupe. Ainda assim, compara o partido com o Bloco de Esquerda para dizer que se a geringonça foi legítima, o mesmo pode acontecer à direita.

Apesar disso, acredita que o “povo não se revê nos extremos”. Aliás, a candidata admite mesmo querer ir buscar votos aos “descontentes” que fugiram para o partido de André Ventura e à esquerda.

Defesa da castração química de pedófilos

O Expresso salienta que o que causou mais dúvidas junto de Rui Rio foi a defesa da castração química de pedófilos, uma vez que o PSD se posicionou contra o projeto de lei apresentado pelo Chega no Parlamento, que foi chumbado na comissão parlamentar por ter sido considerado inconstitucional.

Suzana Garcia entende que o Tribunal Constitucional (TC) é quem define o que é constitucional ou não, e agarra-se à Dinamarca, ao Canadá e à Nova Zelândia, que discutiram este tema nos seus Parlamentos, para defender a discussão.

“Vamos dizer que os dinamarqueses são selvagens?“, questionou, em entrevista ao semanário.

Refere, contudo, que não analisou o projeto do Chega e que, no seu entender, a castração química deveria ser aplicada em caso de reincidência porque “um pedófilo não é um criminoso, é uma pessoa doente” e é preciso “dar-lhe instrumentos para não voltar a cometer o crime”.

A candidata do PSD rejeita ser racista, considerando-se ela própria um exemplo de “miscigenação”, e diz que “o grande problema do racismo tem a ver com o facto de as pessoas não conhecerem o mundo”. Ataca, no entanto, “oportunistas” como Mamadou Ba por não estarem “gratos” a Portugal e serem “hostis”.

Suzana Garcia quer combater o racismo, mas não tem dúvidas de que o rendimento social de inserção, apesar de ser importante para colmatar “lacunas”, é alvo de “abusos”. Para isso, é preciso “aumentar a fiscalização”.

Considera-se feminista (apesar de se sentir atacada pelas mulheres, que diz serem as maiores críticas do seu aspeto físico) e é contra a pena de morte e a prisão perpétua.

CDS deverá apoiar candidatura

O Observador avança que o CDS-PP quer ir coligado com o PSD e deverá apoiar a candidatura de Suzana Garcia à Câmara Municipal da Amadora.

A concelhia do CDS/Amadora terá ainda de decidir se quer ir em coligação com o PSD e encetar negociações com Suzana Garcia, mas o diário sabe que existe vontade na estrutura local de abraçar a candidatura da advogada. Depois, caberá à distrital de Lisboa, liderada por João Gonçalves Pereira, pronunciar-se sobre a solução.

O que aconteceu em 2017 não deverá repetir-se. Nesse ano, os dois partidos rasgaram o acorde de coligação em Loures, depois de André Ventura ter feito declarações consideradas controversas sobre a comunidade cigana em Portugal.

Assunção Cristas, então líder do CDS, entendeu não apoiar o candidato. O PSD, presidido por Pedro Passos Coelho, não desistiu e manteve a candidatura.