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Vacinação precisa de mais profissionais, diz Gouveia e Melo. Enfermeiros conseguem dar resposta se houver planificação

Mário Cruz / Lusa

O coordenador do plano nacional de vacinação contra a covid-19, o vice-almirante Gouveia e Melo, disse este domingo que o país vai precisar de contratar mais profissionais para acelerar o processo de imunização nos próximos meses, mas os números ainda estão em análise.

“Vai ser necessário certamente contratar profissionais de saúde. Quantos? É o que nós estamos a apurar neste momento”, afirmou o vice-almirante Gouveia de Melo aos jornalistas, em Faro, onde acompanhou o processo de vacinação de docentes e não docentes das escolas do pré-escolar, 1.º ciclo e da escola a tempo inteiro, acompanhando o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

Gouveia de Melo considerou que “as organizações não nascem do nada, é preciso tempo, é preciso testá-las, é preciso afiná-las”, e garantiu que é isso que se “está a fazer” para o país poder aumentar a capacidade de vacinação da população para níveis mais elevados do que os atuais.

“Desde que seja planificado, os enfermeiros conseguem dar resposta, não temos dúvidas que atingiremos os objetivos”, disse Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, em declarações ao Diário de Notícias.

Apesar de, neste momento, não haver mais profissionais para contratar (a não ser quem esteja a concluir o curso), Guadalupe Simões explica que o reforço de recursos humanos pode ser feito com mais horas de trabalho e com recurso a enfermeiros reformados.

“Não havendo profissionais para contratar e, sendo necessários mais, tem de se falar com quem está e com quem deixou de estar para cumprir esse objetivo”, disse ao DN.

De acordo com a dirigente, a planificação passa, também, por efetivar os enfermeiros contratados “de forma precária” para as unidades de cuidados de saúde primários e hospitais devido à pandemia.

“Pode haver a efetivação desses colegas como medida de exceção, mas tememos que o governo não esteja a tomar essas medidas: espera que os contratos de quatro mais quatro meses acabem para, depois, contratar os trabalhadores despedidos para a vacinação e não há razão para que isso aconteça”, critica Guadalupe Simões.

“Este processo de vacinação dos docentes e não docentes na área do ensino é um processo que, para além de ser benéfico para o ensino, como é evidente, também é um processo desse ensaio e desse teste, e essas conclusões serão todas agregadas em resultados que permitem depois afinar com mais certeza quantas pessoas é que são necessárias contratar”, sustentou.

Ao fim de dois contratos consecutivos de quatro meses cada, esses enfermeiros devem ser efetivados desde que sejam necessários e haja orçamento para tal, “o que depende do governo”. Há quem seja mandado para casa um ou dois dias para ser novamente contratado, iniciando-se de novo o processo, escreve o DN.

Segundo o coordenador da task force de vacinação, já houve “muitas coisas” identificadas que podem ser melhoradas, mas Gouveia e Melo argumentou que, “para não estar a olhar para os pormenores, é preciso olhar para a ‘floresta’”, ou seja, para o quadro geral.

“E a ‘floresta’ é que ontem [sábado] foram vacinadas 44.000 pessoas, 44.000 utentes, e este processo foi organizado em uma semana e meia, portanto, esse, para mim, é um indiciador de sucesso”, afirmou.

Gouveia e Melo disse que “o resto são pormenores, são pequenas situações”, que admitiu terem “importância pelo significado de pequenas falhas que possam existir no processo”, mas que depois terão “de ser integradas enquanto lições aprendidas para o futuro”.

“Isto é uma grande escadaria, só demos um passo em mais um degrau, portanto há muitos degraus que ainda vamos ter de superar, e nada é fácil neste processo, portanto, não podemos descansar, não podemos ficar contentes, temos que ser totalmente ambiciosos para libertar a nossa economia, libertar o nosso país desta pandemia o mais rapidamente possível”, acrescentou.

Por isso, o coordenador da task force de vacinação reconheceu estar “bastante contente” com o processo de vacinação destes docentes e não docentes durante o fim de semana.

“As escolas fazem parte das diferentes soluções que temos de testar e, uma vez testadas, funcionaram muito bem e estão a funcionar muito bem” e isso “dá confiança para termos diversas soluções para escalar o processo, quando assim for necessário, para mais de 100.000 vacinas por dia”, concluiu.

80% dos maiores de 80 anos já receberam pelo menos uma dose

Este fim-de-semana, Portugal administrou 62 mil vacinas contra a covid-19, segundo informação divulgada pela task force, que adianta ainda que 80% dos maiores de 80 anos já receberam pelo menos uma dose da vacina.

O número abrange o total de pessoas que receberam uma dose de vacina no sábado e é “o valor mais alto desde que se iniciou o processo de vacinação”.

Já domingo o vice-almirante Gouveia e Melo, tinha adiantado que no sábado 44 mil docentes e não docentes tinham sido vacinados, representando a maioria das doses administradas.

A informação hoje divulgada adianta ainda que a vacinação neste fim de semana permitiu que hoje o país atingisse “uma outra marca relevante para o sucesso do plano de vacinação: 80% das pessoas com mais de 80 anos já foram vacinadas com a primeira dose da vacina contra a covid-19.

O coordenador da task force disse que o país vai precisar de contratar mais profissionais para acelerar o processo de imunização nos próximos meses, mas os números ainda estão em análise.

No sábado, primeiro dia de vacinação dos professores e funcionários das escolas, já tinha referido uma aceleração do processo de vacinação a partir de abril, estimando que seja possível vacinar 100 mil pessoas por dia, tendo em conta as remessas previstas para o segundo trimestre.

Se neste primeiro trimestre Portugal recebeu dois milhões de vacinas, a previsão para o segundo trimestre é de nove milhões de vacinas, das quais 1,8 milhões em abril e as restantes nos dois meses seguintes.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.777.761 mortos no mundo, resultantes de mais de 126,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.837 pessoas dos 820.407 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

ZAP // Lusa

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