AirFrance e Emirates fazem donativos para ajudar trabalhadores da Groundforce

Fernando Veludo / Lusa

O grupo solidário criado para ajudar os trabalhadores da Groundforce, que estão com os salários em atraso, já recebeu donativos de fora, nomeadamente da AirFrance e da Emirates.

De acordo com o jornal online ECO, os trabalhadores da Groundforce juntaram-se para criar um grupo solidário que está a receber donativos não só de colegas de dentro da empresa, mas também de fora como, por exemplo, da AirFrance, da Emirates ou da TAP.

“Esta situação já ultrapassou tudo o que é o limite do razoável. Há muitas famílias que estão a passar dificuldades”, contou ao jornal digital Luísa Borba, uma das pessoas que está a dinamizar esta ajuda. “Criámos um grupo solidário, que recebeu donativos da AirFrance e da Emirates, por exemplo. Colegas de terra e de bordo da TAP também”, acrescentou.

“Não é só de fora, também há donativos dentro da Groundforce. Quando fomos ao Porto [para uma manifestação] entregaram-nos uma bolsa com 630 euros porque sabiam que a situação em Lisboa estava mais difícil”, contou ainda.

“Qualquer um de nós já poderia ter deixado de trabalhar, o que significava que não havia carga, incluindo vacinas, para as ilhas. Mas há uma grande responsabilidade social e ninguém parou. Nenhum avião ficou sem receber assistência e há muita gente que está sem dinheiro para ir trabalhar”, denunciou Luísa Borba.

Cerca de 2400 trabalhadores da empresa de handling continuam com os salários de fevereiro em atraso. Há vários dias que o Governo, a TAP e o acionista maioritário, Alfredo Casimiro, estão em negociações para um adiantamento, mas até agora sem sucesso.

Os funcionários têm uma nova manifestação marcada para esta quinta-feira, dia em que Alfredo Casimiro vai ser ouvido no Parlamento, assim como o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, os sindicatos e a Comissão de Trabalhadores.

Após várias manifestações e dias de negociações entre os dois acionistas (Pasogal com 50,1% e TAP com 49,9%), está agora em cima da mesa um aumento de capital da empresa de 6,97 milhões de euros.

O acionista maioritário já se mostrou disponível para avançar com esta operação, mas afirmou que têm de estar assegurados “os termos da lei”. Na carta de resposta, avança o ECO, Casimiro deixou algumas condições como, por exemplo, a renovação do contrato com a companhia aérea (o atual contrato de serviços é válido até dezembro de 2022).

O dono da Pasogal pede ainda a convocação de uma assembleia-geral na qual os três acionistas possam desenhar a operação em conjunto, na qual deverá ficar explícito que não há lugar à entrada de novos parceiros.

Ainda de acordo com o ECO, os funcionários da empresa não querem recorrer ainda à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) porque ainda acreditam que será possível encontrar uma solução e evitam, assim, que a empresa perca os apoios dados pela Segurança Social.

Recorde-se que os salários em atraso deixam a Groundforce em risco de perder os apoios à manutenção do emprego, como o lay-off simplificado e o apoio à retoma progressiva, algo que poderia ser acelerado se existissem queixas por parte dos trabalhadores.

“A Comissão de Trabalhadores (CT) não faz queixa porque acredita que uma solução é possível e vai ser encontrada, porque a empresa é viável e está apenas a viver um problema conjuntural e também porque os acionistas irão ganhar consciência de que terão que encontrar uma solução o quanto antes. Caso contrário serão responsáveis pela desgraça de 2400 pessoas e das suas famílias”, disse fonte oficial da CT ao jornal digital.

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