O “clássico” do Dragão, entre FC Porto e Sporting, terminou sem golos, sem grande futebol, e com um “leão” cada vez mais perto do título, apesar de ainda faltar muito campeonato.
A igualdade permite à formação lisboeta manter os dez pontos de vantagem sobre os “dragões”, sendo que já não há mais confrontos directos entre os dois emblemas até final. O desfecho sem golos penaliza a total desinspiração do Porto no momento da finalização, mas também a incapacidade leonina para finalizar os seus lances, terminando o encontro sem qualquer remate enquadrado. Caso o Braga vença na deslocação ao Nacional, assume o segundo lugar no campeonato.
O jogo explicado em números
- Os dois treinadores apostaram nas equipas teoricamente mais fortes, disponíveis para o embate. Sérgio Conceição realizou apenas uma alteração em relação ao triunfo por 2-1 em casa do Marítimo, entrando Otávio para o lugar de Luis Díaz. Já Rúben Amorim não mexeu no “onze” que ganhou 2-0 em casa ao Portimonense.
- Como era esperado, o Porto tentou desde cedo assumir o domínio dos acontecimentos, mas deparou-se com um Sporting não só coeso na defesa, como bastante lesto no meio-campo a reagir à perda e a pressionar o seu adversário, sem se desequilibrar em relação ao posicionamento das suas peças no “miolo”.
- Assim, no primeiro quarto-de-hora os “dragões” tiveram apenas uma superioridade marginal na posse de bola (52%), com as duas equipas a registarem um remate cada (desenquadrados) e a pecarem no passe, os da casa a não passarem dos 68% de eficácia, os visitantes dos 75%.
- Aos 27 minutos o primeiro grande lance de perigo. Wilson Manafá fugiu pela direita da grande área, praticamente sozinho, mas ao seu remate cruzado respondeu Antonio Adán, que desviou a bola com a ponta dos dedos. Mas era pouco e as estatísticas à meia-hora mostravam esta “pobreza”. Apenas três remates (2-1), um enquadrado, para o Porto, 53% de bola para os anfitriões, 72%-69% na eficácia de passe, 5-2 em acções com bola nas áreas contrárias, cinco faltas cometidas por cada lado e expected goals xG confrangedores – 0,1 e 0,0.
- Wilson Manafá era o melhorzinho, com um rating de 5.8, muito por culpa daquele lance em que obrigou Adán a aplicar-se, mas somava também seis recuperações de posse. O guardião leonino era, por seu turno o destaque nos “leões”. O tal lance mais perigoso ofuscava tudo o resto.
- Com o decorrer do jogo inverteu-se a falta de qualidade no passe. Se o Porto começou mal, aos poucos foi melhorando, enquanto os “leões” pioraram bastante, chegando ao intervalo com entregas bem abaixo dos 70% de acerto, impossibilitando assim a construção de lances de perigo.
- Primeira parte pobre no Dragão, com muita luta, poucas ideias e espectáculo. As duas equipas encaixaram tacticamente e anularam-se em termos ofensivos, e mesmo em momentos simples como o passe, com ambas (em especial o Sporting) a apresentarem números pouco visto de eficácia nos “grandes”. Ainda assim houve mais Porto, que teve mais bola, rematou mais e usufruiu da única ocasião de golo até ao intervalo. O melhor em campo nesta primeira metade foi o guarda-redes leonino, Antonio Adán, com um GoalPoint Rating de 6.3, fruto de duas defesas, ambas a remates na sua grande área.
- Reentrada em grande de Zaidu que, aos 47 minutos, fugiu pela esquerda e rematou cruzado, com a bola a sair rente ao poste esquerdo da baliza de Adán. O início da segunda metade foi bem mais animada, com o Porto a pressionar em zonas bem mais adiantadas, ao ponto de perturbar as saídas curtas dos “leões” nos pontapés de baliza. O Sporting não estava a conseguir realizar as suas habituais transições rápidas.
- Aos 57 minutos, grande perdida para Mehdi Taremi, a falhar sem marcação à entrada da pequena área, após passe “mortífero” de Jesús Corona. Foi a primeira ocasião flagrante do jogo. As estatísticas da hora de jogo mostravam que o Sporting era praticamente inexistente no ataque desde o intervalo, pois não tinha qualquer remate e só uma acção com bola na área portista. Rúben Amorim percebeu que estava a perder a batalha do meio-campo e, aos 64 minutos, tirou Nuno Santos e lançou Matheus Nunes.
- E o jovem médio teve mesmo a melhor ocasião do Sporting nos pés. Aos 73 minutos, fugiu a toda a velocidade pelo flanco esquerdo, entrou na grande área portista, mas perante Marchesín, atirou por cima da barra. E aos 76 minutos, Taremi movimentou-se de forma perfeita na grande área para ficar sem marcação, mas o seu remate, a centro atrasado de Manafá, foi “para as nuvens”.
- As alterações operadas pelo Sporting tiveram o condão de refrear os ímpetos do Porto, tendo, contudo, pouco impacto em termos ofensivos. Os “dragões” continuaram a dominar até final, a atacar muito, mas cada vez com menos espaços e sem conseguirem fugir às marcações contrárias, pelo que não houve golos no “clássico”. Desde Fevereiro de 2009 o Porto não estava dois jogos sem vencer no seu reduto na Liga. O Sporting mantém-se invicto.
O melhor em campo GoalPoint
No meio de tanta desinspiração ofensiva, Jesús Corona salvou-se desse “naufrágio” e terminou como o melhor em campo do “clássico”, com um GoalPoint Rating de 7.6, bem acima da segunda melhor nota. O mexicano manteve sempre a qualidade nos vários momentos do jogo, a construir, a defender e, em especial, a atacar. Sozinho fez seis passes para finalização, mais quatro que o segundo valor mais alto, pertencente a Otávio. Num deles criou uma ocasião flagrante, perdida por Taremi. Passes ofensivos valiosos foram cinco, tantos quanto os cruzamentos, tendo sido eficaz em três – foi mesmo o único jogador a realizar cruzamentos eficazes. No drible, tentou sete, com sucesso em quatro, e ainda fez três intercepções e quatro bloqueios de passe/cruzamento.
Jogadores em foco
- Antonio Adán 6.8 – O melhor elemento do Sporting. O guardião espanhol esteve sempre muito atento entre os postes, realizando três defesas, todas as remates na sua grande área, duas a disparos a menos de oito metros de distância. Depois foi esperar pelo desacerto portista no ataque.
- Wilson Manafá 6.6 – O lateral foi o dono da primeira ocasião de golo do jogo e manteve-se sempre muito activo. Manafá fez seis passes ofensivos valiosos, num deles, para finalização, criou uma ocasião flagrante, perdida por… Taremi. No drible teve sucesso em três de quatro tentativas e ainda assinou nove recuperações de posse.
- João Mário 6.5 – O médio continua a dar pouco nas vistas, mas está sempre presente e activo, sendo mesmo o segundo melhor “leão”. Teve sucesso nas três tentativas de drible, completou 88% dos 49 passes que realizou, fixou o máximo de recuperações de posse (11) e ainda fez dois desarmes.
- Otávio 6.4 – A inteligência de jogo do brasileiro permite-lhe encontrar as melhores soluções, mesmo quando sob pressão. Nesta partida fez nove passes ofensivos valiosos, máximo do jogo, dois passes para finalização, somou cinco acções com bola na área sportinguista, nove recuperações de posse e quatro desarmes.
- Zaidu 6.2 – Belo jogo do lateral-esquerdo, em especial no segundo tempo. Muito activo em todo o seu corredor, teve nos pés a primeira ocasião após o intervalo, concluiu duas de quatro tentativas de drible, fez seis recuperações de posse e quatro desarmes. E subiu para ganhar dois de três duelos aéreos ofensivos.
- Matheus Nunes 5.2 – Jogou os últimos 28 minutos, ajudou a reequilibrar a luta do meio-campo e esticou por diversas vezes o jogo, com velocidade, capacidade de transporte de bola e audácia. Foi dele a melhor ocasião leonina.
- Mehdi Taremi 5.2 – O iraniano teve tudo para ser a figura da partida, mas manchou uma exibição globalmente muito boa com duas ocasiões flagrantes falhadas, uma delas que ainda estará a deixar confusos os adeptos portistas. Foi o mais rematador do jogo, com deis disparos, um só enquadrado, fez quatro passes ofensivos valiosos, somou 11 acções com bola na área leonina (máximo, de longe) e ganhou incríveis sete de 12 duelos aéreos ofensivos. Aqueles golos falhados…
Resumo
// GoalPoint