/

“A minha mãe estava desesperada”. Filho da madrasta de Valentina confirma versão de Márcia

(dr)

Valentina tinha 9 anos

O filho adolescente de Márcia, a madrasta de Valentina, a criança que foi assassinada em Peniche, aos 9 anos de idade, foi ouvido na primeira sessão do julgamento, numa gravação registada previamente.

O depoimento do adolescente de 13 anos corroborou a versão da mãe, Márcia, que culpa Sandro, o pai da criança, pelas agressões que culminaram na morte da menina.

“Eu acordei de manhã e o Sandro estava a bater na Valentina“, a “dar-lhe estalos com força”, disse o jovem, salientando que o arguido alegava que “ela se portava mal” e “só dizia porcaria”.

Ligou a água a ferver e meteu a menina lá dentro“, referiu ainda na gravação.

“A Valentina só pedia para parar e ele dizia que não queria saber. Ela dizia que a água estava muito quente e ele batia-lhe”, realçou.

“A minha mãe foi lá para ele parar”, relatou ainda o rapaz na gravação enquanto, no tribunal, a mãe ia chorando à medida que o ouvia, colocando a cabeça entre as mãos.

“Ela caiu da banheira e bateu com a cabeça”, referiu ainda o menor, apontando que Márcia queria chamar uma ambulância para socorrer a criança, mas que Sandro não deixou.

“Ele dizia: a filha é minha, faço o que quiser. A minha mãe quis chamar ajuda e ele não deixou, disse que ela ficaria sem os filhos”, acrescentou o adolescente, notando que Márcia “estava desesperada” e que “Sandro andava para trás e para frente e não sabia o que fazer”.

“Passadas algumas horas [Valentina] não se mexia e depois começou a espumar pela boca”, contou a criança entre o choro.

Nessa altura, o menino telefonou ao padrasto para falar do estado de Valentina, quando o casal terá ido a uma lavandaria, alegadamente para se desfazer de provas do crime.

Quando verificaram que a menina estaria em estado grave, Sandro “tapou-lhe a cara com o cobertor”, salientou o rapaz, frisando que depois o homem foi para o quarto “ver as séries dele”.

O jovem também notou que Sandro disse que tinham que “levar o cadáver” e que foi a sua mãe quem a “vestiu”.

“A minha mãe disse-me para não contar a ninguém, caso contrário ficaria sem ela e sem as minhas irmãs”, vincou ainda o adolescente.

O depoimento do rapaz vai continuar a ser ouvido na próxima sessão do julgamento que está marcada para 24 de Março.

Mas as primeiras palavras do seu testemunho parecem confirmar a versão de Márcia que atribuiu as culpas das agressões a Sandro. O pai de Valentina, por seu lado, acusou Márcia de ser a responsável pelas agressões mais graves.

O advogado do arguido, Roberto Rosendo, comentou, após a audiência, que não entende porque é que Sandro alterou a primeira versão que apresentou do que aconteceu à filha.

“Ele fez isso no inquérito e não deu certo. Agora fez de novo, inclusive, adverti-o de que se tivesse de o fazer teria de fazê-lo com cabeça tronco e membros“, notou Rosendo em declarações divulgadas pela TSF.

Ama falou de suspeitas de abusos sexuais

Antes do depoimento gravado do filho de Márcia e dos testemunhos da arguida e do pai de Valentina, o tribunal ouviu uma antiga ama da criança, Catarina Alexandra, que tomou conta da menina em 2018.

“Valentina nunca fez queixa do pai ou da madrasta”, apontou ao colectivo de juízes, relatando ainda que chegou a falar de suspeitas de abusos sexuais com a mãe da menina, Sónia Fonseca.

Note-se que Sandro terá começado a agredir Valentina devido a suspeitas de que a filha teria sido alvo de abusos sexuais por parte de um padrinho, um homem próximo de Sónia Fonseca.

Em tribunal, a mãe de Valentina declarou que não tinha conhecimento de quaisquer abusos sexuais, notando que ninguém lhe falou disso.

Sónia Fonseca voltou a frisar no julgamento aquilo que já tinha repetido em várias entrevistas, realçando que a filha gostava de ir para a casa do pai e que vinha de lá “muito feliz”.

“Ela nunca se queixou nem do pai nem da Márcia”, garantiu em tribunal.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.