A detenção da jovem ativista climática, que terá partilhado um documento para apoiar os protestos dos agricultores na Índia, está a provocar uma onda de indignação no país.
De acordo com a cadeia televisiva CNN, a polícia confirmou a prisão de Disha Ravi na sua conta do Twitter, este domingo, acusando a jovem de 22 anos de ser uma “conspiradora chave na formulação e disseminação” de uma lista com medidas de apoio aos agricultores, que estão em protesto há mais de dois meses contra as novas leis agrárias.
“O principal objetivo era criar desinformação e insatisfação contra o Governo legalmente eleito”, disse Prem Nath, comissário adjunto da polícia de Deli, numa conferência de imprensa esta segunda-feira.
O documento, inicialmente partilhado pela ativista sueca Greta Thunberg, instrui as pessoas a apelar à atenção dos representantes do Governo, a partilhar hashtags de solidariedade nas redes sociais, a participar em manifestações e a assinar petições.
Esta ferramenta chamou a atenção da polícia de Deli, que começou uma investigação criminal alegando que a lista incitava a uma “guerra económica, social, cultural e regional contra a Índia”, cita o jornal britânico The Guardian, acrescentando que a jovem foi acusada de sedição e conspiração.
A notícia da detenção de Ravi, co-fundadora do movimento Fridays For Future neste país, está a causar indignação entre vários ambientalistas e políticos, considerando que se trata de uma demonstração clara de “assédio e intimidação”.
“Esta detenção é um ataque sem precedentes à democracia”, escreveu no Twitter Arvind Kejriwal, o ministro chefe de Deli. “Apoiar os nossos agricultores não é um crime”, afirmou.
“A prisão de Disha Ravi é a última escalada da repressão da Índia contra a liberdade de expressão e a dissidência política, uma vez que procura abafar os protestos em massa dos agricultores”, disse também Shashi Tharoor, deputado do principal partido de oposição na câmara baixa do Parlamento, citado pelo jornal Público.
Quase 15 mil pessoas já assinaram uma petição que pede a libertação da ativista climática que, segundo a CNN, não é o único alvo da polícia de Deli. As autoridades já emitiram mandados de prisão contra Nikita Jacob e Shantanu, outros dois ativistas também acusados de ter na sua posse o documento e de o terem editado.
Os agricultores indianos estão contra as novas leis agrárias que, segundo afirmam, vão “privatizar” a agricultura e devastar o setor. O Executivo, por sua vez, insiste que as reformas vão beneficiá-los e aumentar a produção através do investimento privado.