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“Um pouco diferente do que temos hoje”. Bolsonaro volta a elogiar tempos da ditadura militar

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez, esta quinta-feira, um discurso, o qual aproveitou para deixar elogios aos tempos de ditadura milita do país, que classificou como um regime “um pouco diferente do que temos hoje”.

Bolsonaro entregou, numa cerimónia, títulos de posse de terra a agricultores de Alcântara, no Maranhão, onde está a base de lançamento de foguetes da Força Aérea, e terá aproveitado para deixar elogios a cinco presidentes que o Brasil teve de 1964 a 1985 e aos tempos em que a base foi construída – tempos esses de ditadura militar.

“Isto aqui [o Centro de lançamento de Alcântara] nasceu em 1983 e foi mais uma das grandes obras dos cinco presidentes militares que tivemos no Brasil”, disse, citado pela Folha de São Paulo.

Grandes obras ao longo de 21 anos onde vivia um regime de… um pouco diferente do que temos hoje, mas de muita responsabilidade com o futuro do país”, acrescentou o Presidente brasileiro.

“Como disse Marcos Pontes [ministro da Ciência e Tecnologia], isto é comércio para bilhões e bilhões de dólares. E nós estamos agora a entrar neste seleto grupo que trata de lançamentos. Tudo que fazemos no Brasil tem um passado, tem um meio e tem um fim. E isso tudo passa por cada um de nós”, disse ainda Bolsonaro sobre a base militar, inaugurada em 1983, durante o governo de João Figueiredo.

Em 2019, a gestão Bolsonaro assinou com os Estados Unidos um acordo de salvaguarda, que estabelece regras de proteção para uso de tecnologia americana em estudos e lançamentos de foguetes e aeronaves.

A ditadura militar no Brasil foi um período marcado por violações à democracia e aos direitos humanos, ligada à tortura, a mortes e ao desaparecimento de pessoas.

Segundo um relatório da Comissão Nacional da Verdade, criada em 2012 durante o governo de Dilma Rousseff para apurar casos de violência ocorridos durante a ditadura, pelo menos 423 pessoas morreram ou desapareceram durante os anos do regime (1964-1985), e 20 mil foram torturadas, relata o site de notícias UOL.

Em junho de 2020, uma sondagem da Datafolha mediu a relação dos brasileiros com a democracia e com a ditadura militar. Sobre a primeira, 75% dos inquiridos afirmaram que a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo. Dez por cento indicaram que, em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático. Já 12% admitiu que era indiferente se o governo é uma democracia ou uma ditadura.

Segundo o jornal Expresso, essa sondagem descobriu também que, entre os apoiantes de Jair Bolsonaro, 43% dizia que a ditadura deixou um legado mais positivo do que negativo. A segunda descoberta tem a ver com a classe social: os mais ricos tenderam a ser mais favoráveis ao regime militar (36%) do que a média (12%).

A ditadura militar brasileira esteve vigente entre 1964 e acabou em 1985. Três anos depois foi aprovada uma nova Constituição que garantiu e restabeleceu vários direitos e liberdades.

Sofia Teixeira Santos, ZAP //

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