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Estudo revela o erro fatal para a morte dos 9 alpinistas russos na Montanha da Morte

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Um novo estudo revela que o corte feito numa encosta para montar a tenda levou a uma forte avalanche que matou os nove alpinistas russos na chamada Montanha da Morte.

Em 1959, dez viajantes russos que faziam uma caminhada pelos Urais decidiram armar as tendas e passar a noite a poucos passos da chamada Montanha da Morte, a uma curta distância do seu destino. Nunca mais foram vistos vivos e apenas um sobreviveu: Yuri Yudin, que voltou para atrás no segundo dia devido a problemas de saúde.

Os corpos dos outros alpinistas foram encontrados semanas depois, fora das tendas, parcialmente vestidos e distantes uns dos outros. A maior tenda estava rasgada a partir de dentro. A maioria dos jovens estava vestida parcialmente, alguns sem sapatos, outros com roupas que não eram deles – como se tivessem saído das tendas sem preparação e apressadamente a meio da noite.

Os investigadores concluíram que três jovens morreram com lesões graves “causadas por uma grande força” e que todos os outros morreram de hipotermia. Além disso, uma das duas raparigas do grupo estava sem a língua e as roupas de alguns tinham doses de radiação duas vezes mais altas do que o habitual.

O incidente da Passagem de Dyatlov – assim chamado em homenagem a Igor Dyatlov, o guia do grupo, que também morreu – era considerado um dos grandes mistérios da história recente da Rússia.

Ventos e uma avalanche devastadora

Agora, um novo estudo reforça a teoria de que uma avalanche de neve foi responsável pela morte dos nove alpinistas. Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista científica Communications Earth & Environment e descritos pela equipa de investigadores num vídeo.

Desde muito cedo que uma avalanche tinha sido equacionada como possível suspeita da morte destes caminhantes russos.

No entanto, o New Atlas explica que não havia nenhum sinal de destroços ou alterações na neve que uma avalanche criaria, e a colina em que o grupo montou o acampamento não era íngreme o suficiente para que uma avalanche ocorresse.

Além disso, não era claro como é que uma avalanche causaria o tipo de ferimentos sofridos e havia um atraso inexplicável de nove horas entre a altura em que um corte foi feito na encosta para armar a tenda e a altura em que a avalanche começou.

Então, tendo em conta todas estas incertezas, porque é que os cientistas suspeitam que se tenha tratado de uma avalanche? O estudo sugere que esta não tenha sido uma típica avalanche, mas sim uma slab avalanche (avalanche de placas). Estas acontecem quando um grande bloco sólido de neve se desprende de um depósito.

“Usamos dados sobre a fricção da neve e a topografia local para provar que uma pequena avalanche de placas pode ocorrer numa ligeira encosta, deixando pouco rasto para trás”, diz Johan Gaume, autor principal do estudo.

“Com o auxílio de simulações em computador, mostramos que o impacto de uma placa de neve pode causar lesões semelhantes às observadas. E então, é claro, há o espaço de tempo entre o corte da equipa na encosta e o início do evento. Esse é o foco principal do nosso artigo. Os investigadores anteriores não conseguiram explicar como, na ausência de queda de neve naquela noite, uma avalanche poderia ter sido desencadeada. Tivemos que apresentar uma nova teoria para o explicar”, acrescentou.

De acordo com os investigadores, a culpa foi do vento catabático, que transporta ar de alta densidade de uma elevação descendo a encosta devido à ação da gravidade. Assim, de acordo com os autores, as condições para o início da avalanche poderiam verificar-se entre 7,5 e 13,5 horas após o corte.

“Se eles não tivessem feito um corte na encosta, nada teria acontecido”, diz Alexander Puzrin, coautor do estudo.

Teorias da conspiração

Ainda assim, os investigadores não garantem ter resolvido o mistério. Se as vítimas foram mortas ou feridas na tenda, porque é que os seus corpos foram encontrados a quase um quilómetro de distância?

É possível que os outros membros do grupo tenham fugido antes que a avalanche atingisse e levassem os seus amigos feridos para um local seguro. Os investigadores sugerem que talvez eles não tenham sido mortos na tenda, mas noutra avalanche na ravina onde os corpos foram encontrados.

“A verdade, claro, é que ninguém sabe realmente o que aconteceu naquela noite”, diz Puzrin. “Mas nós fornecemos fortes evidências quantitativas de que a teoria da avalanche é plausível”.

Os autores de um outro estudo já tinham sugerido que uma avalanche poderia ter sido responsável, mas não conseguiram oferecer uma explicação para algumas da incongruências.

O mistério deu origem a várias teorias durante anos: desde que foram atacados por prisioneiros fugitivos, a terem sido mortos por membros da KGB ou por extraterrestres – e também que se teriam matado uns aos outros.

Alguns investigadores independentes do caso Dyatlov suspeitaram inicialmente que os excursionistas tinham sido vítimas dos Mansia, o grupo étnico que habitava essas terras, embora o lugar onde foram encontrados estivesse longe da área considerada “sagrada” por esses moradores.

Outros, que foram assassinados por prisioneiros de uma cadeia próxima, mas naqueles dias não houve nenhuma fuga.

Anatoli Guschin, um jornalista local, sempre considerou que os alpinistas tinham sido vítimas de uma experiência soviética para inventar uma nova arma – daí a radiação encontrada.

Daniel Costa, ZAP //

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2 Comments

  1. Ninguém me tira da ideia que os jovens entrarem em zona que não deviam e o governo comunista russo não aceitou que lhe andassem por ali a espreitar os seus testes nucleares e morreram exactamente porque queriam fugir do ataque empreendido pelas tropas a mando do governo de então!

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