Evaristo Marinho disparou vários insultos racistas contra Bruno Candé: “Vai para a tua terra, preto, tens a família toda na sanzala e também devias lá estar”, foi um deles. Três dias depois acabou por matá-lo, mas agora diz que não foi impulsionado pelo racismo.
Os dois homens desentenderam-se porque, de acordo a acusação do Ministério Público, a cadela de Bruno, ladrou a Evaristo, que a enxotou com a bengala. Por causa disso, Bruno Candé e Evaristo Marinho envolveram-se numa acesa discussão e o idoso tentou-o agredir com a bengala desviou-se, empurrou-o e referiu que não lhe batia “porque” era “velho”.
A discussão ocorreu em julho de 2020, e foi presenciada por várias testemunhas, que não só ouviram e relataram a discussão às autoridades como separaram os dois homens quando o confronto se tornou físico.
Evaristo, um auxiliar de ação médica então com 76 anos, garantiu à testemunha que o agarrou: “Eu vou matá-lo”. Desde aí, demorou três dias a cumprir a promessa.
Quando foi interrogado, apesar de assumir a autoria do homicídio e de ter “relatado os factos”, Evaristo Marinho negou qualquer motivação racista na morte de Bruno Candé, atribuindo-a ao desentendimento que ambos tiveram.
A tese que vai ser defendida pela defesa do homicida é que na altura do homicídio, os desentendimentos entre os dois homens e os insultos racistas de Evaristo a Bruno já vinham de trás. E sempre por causa da cadela da vítima.
Segundo a acusação, três dias depois da discussão, Evaristo Marinho viu Bruno Candé no mesmo banco onde o ator estava sempre “a ouvir música”, “tirou a arma do coldre” e, “de forma súbita”, disparou contra Bruno, que caiu de imediato no chão. Depois, aproximou-se e disparou mais quatro tiros à queima-roupa que atingiram a vítima no tronco e no abdómen, “provocando-lhe a morte”.
O crime de Evaristo Marinho foi cometido em plena luz do dia e foi testemunhado por várias pessoas, que o agarraram quando tentou fugir e chamaram a polícia para o prender.
Atualmente, está em prisão preventiva numa cela do Estabelecimento Prisional de Lisboa e ainda esta semana um juiz de instrução criminal confirmou que irá continuar preso até ao julgamento, dada a “gravidade e natureza do crime” e o “alarme social” que a sua libertação provocaria.
De acordo com o depoimento de vários vizinhos ouvidos pelo jornal Expresso na altura do crime, o auxiliar de ação médica, que serviu no Exército durante a Guerra do Ultramar, era “muito quezilento”, “nevrótico” e “impulsivo”, o que deu origem a alguns episódios tensos com a vizinhança.
Tal como Evaristo Marinho, também a polícia negou que este fosse um crime racista, mas a procuradora Alexandra Nunes acusa-o de ter agido não só “por razões vãs”, por “estar desagradado com a discussão”.
Aproveitamento politico ,interessa a muita gente e associaçoes,fundaçoes,partidos etc ,transformar estes tristes Incidentes em Crimes racistas