Um restaurante de comida totalmente vegan em França foi o primeiro do país a receber a desejada estrela Michelin. Localiza-se perto de Bordéus.
A concessão da estrela ao ONA (Origine Non-Animale) é mais uma evidência de que um país há muito conhecido por pratos clássicos como o coq au vin, blanquette de veau ou boeuf bourguignon, foi capaz de se abrir a uma culinária sem animais. No país, já são vários os chefs de cozinha que têm vindo a “cortar” na carne na altura de elaborar os seus menus.
“É um novo movimento em França, onde as dietas ainda são muito baseadas em carne”, disse Claire Vallée, chef do ONA, que abriu há cinco anos em Arès, uma pequena cidade a cerca de 40 quilómetros de Bordéus.
Em declarações ao NYT, Vallée não desvaloriza a gastronomia que inclui a carne como fonte de proteína, e realça que “cada um tem seu lugar”, porém, o restaurante quer mostrar que é possível “comer de forma diferente”.
Outros estabelecimentos que confecionam apenas refeições vegan já receberam estrelas Michelin em países como os Estados Unidos, Espanha e Alemanha, porém em França esta é a primeira vez. Em Portugal, ainda nenhum restaurante deste tipo recebeu nenhuma estrela.
O restaurante ONA evita todos os produtos de origem animal, até mesmo na sua decoração e móveis, por isso não usa materiais como por exemplo, lã ou couro, garante Vallée.
Vários movimento pelos direitos dos animais estão a crescer cada vez mais em todo o mundo, porém a luta não tem sido fácil. Em França, os ativistas encontraram alguma resistência, uma vez que o país se destaca pelo elevado consumo de carne e onde os pratos à base de animais ainda são uma faceta central da identidade culinária do país.
Contudo, esta é uma luta que neste momento se posiciona num lugar secundário. Para desespero dos chefs, os restaurantes continuam vazios devido à pandemia.
Os estabelecimentos foram forçados a fechar pela primeira vez na primavera, quando as autoridades impuseram um confinamento rígido em todo o país. Após uma breve reabertura de verão, restaurantes, cafés e bares foram fechados novamente em novembro – e assim deverão permanecer até fevereiro, no mínimo.