Um protótipo de ecrã para tablets que corrige problemas de visão foi recentemente desenvolvido por engenheiros.
O sistema utiliza um software para alterar a luz a partir de cada pixel do ecrã, com base na graduação de cada pessoa.
Os investigadores adicionaram também um pequeno filtro pinhole, como o de uma câmara escura, para melhorar a nitidez da imagem.
Esta pesquisa será apresentada na conferência internacional de computação gráfica SIGGRAPH, em Vancouver, em agosto.
A equipa afirma que a tecnologia poderia ajudar milhões de pessoas que precisam de lentes corretivas a usar os seus dispositivos digitais.
Uma em cada três pessoas no Reino Unido sofre de miopia. Nos EUA são cerca de 40%, enquanto que na Ásia mais de metade da população tem problemas de visão.
Nos últimos anos, vários projetos tentaram usar ecrãs de computadores para corrigir dificuldades de visão.
Os autores deste último estudo dizem que seu protótipo oferece “significativamente maior contraste e resolução quando comparado com as anteriores soluções.”
Siga a luz
A equipa da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveu um algoritmo que tem em conta o problema específico do utilizador para ajustar a intensidade de cada ponto de luz emanado de cada pixel numa imagem.
O protótipo usou um iPod com um filtro pinhole preso ao ecrã. Para ver as imagens, os pesquisadores usaram uma câmara reflex monobjetiva digital (DSLR) que foi programada para simular uma pessoa com hipermetropia.
As imagens alteradas do iPod apareceram nítidas e claras para a câmara, mostrando que o protótipo foi eficaz ao corrigir este problema de visão.
“A importância deste projeto é que, em vez de depender de ótica para corrigir sua visão, usamos a computação”, disse o principal autor da pesquisa, Fu-Chung Huang. “Esta é uma classe muito diferente de correção e não invasiva.”
A equipa de investigadores acredita que a sua ideia, depois de aperfeiçoada, poderá beneficiar pessoas que sofrem de problemas de visão mais difíceis de tratar.
“Vivemos agora num mundo onde os ecrãs são omnipresentes”, afirmou o coordenador do projeto na Universidade da Califórnia, professor Brian Barsky.
“As pessoas com problemas graves têm, muitas vezes, irregularidades na forma da córnea, e esta forma irregular dificulta que elas usem lentes de contato”, afirmou.
“Nalguns casos, isso pode ser um impedimento para que exerçam alguns trabalhos, porque muitos trabalhadores precisam de olhar para um ecrã enquanto trabalham. Esta pesquisa poderia transformar as suas vidas.”
Embora a pesquisa esteja numa fase inicial, os responsáveis pelo projecto acreditam que a tecnologia tenha um grande potencial na área das correções visuais.
Estão a imaginar-se ecrãs que possam ser vistos ao mesmo tempo, com nitidez, por múltiplos utilizadores com diferentes problemas de visão.
“A longo prazo, acreditamos que ecrãs flexíveis permitam múltiplos usos: imagem de exibição 3D sem vidro, ecrã com imagem 2D corrigida, por aí adiante.”
ZAP / BBC