A atriz de Bollywood Richa Chadha, que interpreta Mayawati, partilhou uma imagem no Twiteer onde mostra o cartaz do filme. Na imagem a atriz aparece a segurar uma vassoura, muitas das vezes usada pelos varredores de estradas na Índia. Já o slogan do cartaz diz: Intocável, Imparável.
São estes dois aspetos presentes no cartaz que estão a causar alguma indignação nas redes sociais.
O termo dalit foi utilizado pela primeira vez no final do século XIX e englobava um grupo formado por trabalhadores braçais, que eram considerados como “intocáveis” e impuros.
Os intocáveis na sociedade hindi tinham trabalhos considerados indignos, sujos, que lidavam com mortos, com o lixo, ou que tinham outros empregos que requeriam um constante contacto com tudo aquilo que o resto da sociedade indiana considerava abjeto e desagradável.
Eram considerados individualmente imundos, impuros, e portanto não podiam ter contacto físico com as pessoas consideradas “puros”, vivendo assim separados do resto da sociedade. Contudo, hoje em dia o sistema de castas é proibido na Índia, embora ainda subsistam algumas diferenças em termos religiosos.
Conhecendo a história desta classe, em tempos inferiorizada pela sociedade, foram muitos os utilizadores das redes sociais que se manifestaram contra o slogan do novo filme. De acordo com o The Guardian, o termo “intocável” é agora inaceitável na Índia e a aparência desleixada com que a atriz aparece sugere que os dalits “são pessoas sujas”.
Chadha e o diretor do filme, Subhash Kapoor, foram criticados pela incapacidade que mostraram de fugir à conceções simplistas dos dalits.
Muitos utilizadores expressaram as suas opiniões no Twitter. “O cartaz recente da Ministra-Chefe deixou-me com o coração partido. Não tenho palavras para falar sobre a relutância deliberada das pessoas em entender as coisas”, foi um dos comentários na rede social.
A protagonista do filme desvalorizou as críticas e disse mesmo que a onda de indignação nas redes sociais tinha como intuito “cancelar a cultura”, apelando aos críticos que vissem o cartaz e o filme e apreciassem o seu tema “progressivo e transformador”.
O especialista político Kancha Ilaiah Shepherd considera que o preconceito de castas ainda está presente na indústria cinematográfica de Bollywood, e que neste caso, os produtores esqueceram-se de enaltecer o trabalho e o percurso de vida da primeira mulher a tornar-se Ministra-Chefe de Uttar Pradesh.
“A mente casta do diretor e a estupidez absoluta significa que este não via a imagem de Mayawati com olhos humanos, mas sim com olhos de casta. Bollywood está cheio de mentes tão casteístas que dificilmente se pode esperar que façam o que este filme afirma ser: um filme socialmente relevante e transformador ”, disse Shepherd.
Apesar de nos últimos anos terem surgido vários novos diretores de origem dalit em Bollywood, o jornal britânico realça que a indústria cinematográfica falhou principalmente em lidar com as realidades de casta da Índia, apesar de esta ser a força cultural mais poderosa do país.
Exemplo deste preconceito ocorreu recentemente, quando uma produtora de filmes anunciou um casting no Facebook, no qual dizia estar à procura de “um ator que se parecesse com um dalit”.
“Infelizmente, histórias sobre adivasis, dalits e muçulmanos tornaram-se muito comuns. Tornou-se numa forma fácil de os cineastas de castas superiores parecerem progressistas e populares ao contar essas histórias ”, disse o realizador Rajesh Rajamani num entrevista recente.
O filme “Madam Chief Minister” estreia dia 22 de janeiro.
Podem informar-me f.f. Quando foi decretado o fim do sistema de castas na União Indiana? Agradeço.
Foi ontem.
Não acredito
Brincadeira
Pois então 🙂
Pois. “Obrigou-me” a ir vasculhar um pouco da história.
De facto, a constituição indiana, em 1947 quando da independência “proibiu” as castas. No entanto, como é uma questão cultural e especialmente religiosa (hinduismo) continua a ser praticada.
Como era óbvio.
A intenção era boa, e o decreto foi emitido, como devia.
O problema è que heranças culturais com séculps não se apagam por decreto…. nem na Índia nem em lado nenhum.
A polícia moral do Twitter mais uma vez a indignar-se em nome dos outros.
Tudo ferramentas de lavagem cerebral marxistas.
Assim é bom provocar a discussão