/

Desde 2001 que polícias negros alertam para racismo de agentes do Capitólio

Jim Lo Scalzo / EPA

Com a invasão do Capitólio, investiga-se o alegado racismo existente na Polícia do Capitólio. Desde 2001 que agentes negros denunciam casos de discriminação racial no departamento.

Desde 2001, centenas de agentes policiais negros processaram o departamento por discriminação racial. Muitos alegam que colegas caucasianos tratam-nos por nomes pejorativos, como nigga. Caso um agente branco tivesse uma boa relação com um agente negro também era alvo de calúnias.

“Há um problema de racismo neste país, em praticamente todos os estabelecimentos que existem”, disse Kim Dine, antigo chefe da Polícia do Capitólio que deixou a agência em 2016, em declarações à ProPublica.

A invasão de apoiantes de Donald Trump ao Capitólio está sob investigação, havendo suspeitas de que alguns agentes podem ter sido cúmplices ao permitir que os manifestantes entrassem no centro legislativo dos EUA. Enquanto muitos agentes foram filmados a lutar contra os desordeiros, pelo menos 12 outros estão sob investigação por possivelmente ajudá-los.

À BuzzFeed News, dois agentes negros da Polícia do Capitólio confessaram estar enfurecidos com as atuais falhas de liderança. Numa cidade em que 46% das pessoas são negras, apenas 29% dos agentes da Polícia do Capitólio são negros. Em comparação, 52% dos agentes da Polícia Metropolitana de Washington são de cor negra.

Sharon Blackmon-Malloy, uma ex-polícia do Capitólio que foi a principal responsável do processo de discriminação de 2001 movido contra o departamento, disse que não ficou surpreendida que manifestantes pró-Trump tivessem invadido o Capitólio. O caso de 2001, que começou com 250 queixosos, continua pendente.

“Nunca nada foi realmente resolvido. O Congresso ignorou o racismo em na Colina do Capitólio”, disse Blackmon-Malloy à ProPublica. “O 6 de janeiro aconteceu porque ninguém nos levou a sério”.

O aposentado Tenente Frank Adams processou o departamento em 2001 e 2012 por discriminação racial, admitindo ter sido vítima e ter testemunhado racismo e sexismo.

Adams também conta que uma vez encontrou um cartoon na sua mesa de um homem negro a ser saudado por um membro do Ku Klux Klan no céu. Reclamou aos seus superiores, mas diz que desde aí lhe foram negadas oportunidades de promoção e sofreu outras formas de retaliação.

“Eles só se envolvem na fiscalização quando está no ciclo de notícias”, disse Adams. “Eles ignoraram o racismo que está a acontecer no departamento. Eles ignoraram o ódio”.

Daniel Costa, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.